Vou (em princípio e espero que sim) mudar de casa (para Lisboa) este fim-de-semana que vem (dias 25 e 26), dado que na semana a seguir vou começar a trabalhar e queria já estar organizada... estive à espera e sonhei com este momento desde Maio de 2008... uma moradia em plena Lisboa, obras quase de raíz, casa nova feita por nós, piso de cima inteiro para mim, um quarto enorme, uma casa-de-banho privada, um closet (!!), uma espécie de estúdio só para mim... dois terraços, perfeitos para dar pequenas festinhas, os meus cães (que saudades!), acessos ao centro de Lisboa, fáceis rápidos e económicos, a minha mãe que não me chateia muito (=LIBERDADE DE MOVIMENTOS FORA E DENTRO DE CASA)... faço o que quiser em casa, vou onde quiser e chego às horas que quero. se quiser ir sair à noite, tenho o Night Bus para me levar a casa às horas que quiser, não tenho que depender da boleia do meu pai. e, no caso de vir mesmo a ter a carta de condução e carro, posso beber, tenho como ir pra casa anyway.... se pesarmos os prós e contras, isto é claramente um sonho,pra mim... a liberdade, a acessibilidade e o ser prático tudo junto.
... mas está a custar mais do que eu imaginava...
... sinto o meu pai triste e eu fico ainda mais triste por saber disso... às vezes gostava de ser insensível ou de ter a capacidade de não me preocupar tanto com os sentimentos que eu provoco nas outras pessoas, seria mais fácil... mas infelizmente magoa-me mais ser eu a deixar alguém triste do que alguém me deixar triste a mim... e o pior é que, a esta altura do campeonato, faça o que fizer, vai sempre alguém ficar triste (se ficasse aqui, ficava a minha mãe mal)... estas escolhas são difíceis, está a ser uma das mais difíceis de sempre pra mim...
... eu quero voltar a vir aqui, quero passar tempo com o meu pai, ter aquelas conversas todas xpto que nós temos (ele é a pessoa mais inteligente que eu conheço, e faz-me rir, é cómico. se não fosse meu pai, se fosse da minha idade e se fosse mais giro, namorava com ele, LOL).. no fundo gosto de estar aqui (mas não algo para viver no dia-a-dia, não me é prático)... e sim, já lhe disse tudo isto e mais alguma coisa...
... um dos defeitos que tenho é apegar-me demasiado às coisas e às pessoas... se eu me dou com alguém ou estou num sítio, mesmo sabendo que é temporário, apego-me... quando tenho de me desprender é um caso sério, é-me difícil... habituo-me às coisas, adapto-me a quaisquer circunstâncias, boas ou más, e depois é mudar tudo de um momento para o outro... curiosamente, toda a minha vida foi assim! de casa em casa, a saltitar, sempre que era pra sair de um lado e ir para outro (o que não era nada raro. só com a minha mãe, morei numas 3 casas diferentes. depois era a minha avó e o meu pai. e ainda uma namorada que o meu pai teve, cheguei a viver lá uns tempos quando era miúda), chorava baba e ranho... chorei quando saí de casa da minha mãe (que, by the way, foi à força. foi chegar um dia a casa e ela dizer-me 'arruma as tuas coisas que vamos hoje para casa da tua avó'), chorei quando saí de casa da minha avó, chorava quando ía para as colónias de férias, quando era miúda, e adorava aquilo e depois aquilo acabava, chorava quando acabavam os acampamentos dos escoteiros (quando era escoteira), chorei quando no ano passado passei um mês de férias com o meu pai e depois tive de vir embora e vou chorar muito, esta semana, este fim-de-semana, mais do que já tenho chorado... SOU UMA BEBÉ CHORONA QUE DETESTA MUDANÇAS! sei que vou adaptar-me a esta mudança, adapto-me sempre... mas este período de adaptação é do pior...
... não há palavras que descrevam o sentimento de culpa, a tristeza, a vontade de chorar, e a angústia que eu sinto... morro por dentro, cada dia que passa mais um bocadinho...
... morro por dentro...
... detesto isto, detesto... ter uma família desmembrada e todos me quererem... deveria sentir-me desejada e adorada e mimada? casa onde ficar nunca me faltará... deveria sentir-me abastecida? com 3 casas no mínimo vou eu ficar quando eles morrerem (bate na madeira!), dado ser filha única... eu cá sinto-me confusa. quando tenho que dar a minha morada para alguma coisa, nunca sei qual pôr, nunca sei onde vou estar. às vezes quero uma peça de roupa, mas está sempre noutra casa que não aquela em que eu estou de momento. ESTOU CONFUSA E TRISTE E ANGUSTIADA. bolas, agora preciso de fumar um cigarro (desde 5ª feira que nem pensava nisso!).
11 comentários:
Não vale a pena estares assim, a decisão está tomada, por isso espero que corra tudo bem ,nesta nova etapa da tua vida e não te esqueças de postar aqui umas fotos da nova casa(afinal das obras chegamos a ver...)
bj
opa, a tua vida dava um filme indiano! n fiques chateada pa, isto agora o que ha menos são familias mononucleares.. percebo perfeitamente a tua confusao, a fim de contas, nao deve ser facil passar por varias situaçoes que descreves: a roupa, a morada.. :S mas enfim, ja mediste os prós, e parecem-me bastante agradaveis de se ver :D anyway, qdo tiveres cartinha podes ate passar a noite onde te apetecer, conforme a conveniencia! ahah nao é?
beijinho guapa! *
Nao es uma bebe chorona tu es uma mulher do seculo XXI:
uma mulher independente, viva que sabe aquilo que quer e ira fazer tudo para conseguir, uma mulher sofisticada e atraente, que nao tem problemas em falar o que realmente pensa, uma mulher em que apesar de parecer o amor nao esta em segundo plano, uma mulher que suspira pelo princepe encantado mas tem noçao que nao vai esperar por ele ate o relogio dar a 12º badalada.
tu es tudo isso e muito mais....basta tomares consciencia que o teu limite nao é o ceu mas sim o universo....
Fico contente por finalmente mudares de casa! Não deves ficar preocupada porque há mudanças que vêm por bem e esta pode ser uma delas!
beijinhos
Eu percebo a tua "fobia" a mudanças eu sinto o mesmo. Não gosto de mudar nada.
Mas a vida é assim mesmo, tens de ter força, vais mudar pra melhor e é a isso que te tens de agarrar pra não desmotivares ou ires-te a baixo!
Bjks***
nisso tenho sorte... acabo sempre por me fartar de estar nu sitio, de fazer as mesmas coisas, de ter rotinas que qnd vou embora até pulo de alegria.
mas tendo em conta a maneira como os teus pais são... compreendo a tua "dor".
PS - aquilo nao sao as minhas maos...
eu enm fiz a manicure nem a pidicure... andei a vadiar
Finalmente vais realizar o teu sonho!
E sempre podes passar alguns dias em casa do teu pai sempre que te apeteça!
Boa Sorte! Não fiques triste... as mudanças são sinais que a vida continua, e por tudo o que dizes parece que a tua mobilidade melhora e continuas a estar com pessoas que gostam de ti. Vais ver que, com o tempo, tudo se vai organizar. Não podes sentir-te culpada de querer organizar a tua vida. Os teus pais serão sempre teus pais por muitos locais onde vivas. O teu pai custa-lhe mas ele tem que entender. (Nem quero pensar se fosse o meu filho... falar dos outros e dar conselhos é fácil...)
Não te esqueças de postar umas fotos da nova casa (Só de pensar num terraço fico a roer-me de inveja...lol)
A história chamava-se " A chave da noiva"...
Casar?
Bem… é tudo uma questão de – como explicar ? – querer, acreditar, desejar. O mundo não acaba se não houver casamento… e para além das poucas pessoas que venham a tomar conhecimento da cerimónia, é pouco provável que isso influencie a vida de todas as outras…
Esta talvez fosse a enésima tentativa de pensar no assunto … mas, por mais volta que lhe desse, não conseguia deixar de pensar no assunto.
- A minha filha… vou ficar sem a minha filha… e agora é que é de vez…
Acomodou-se na espreguiçadeira, bem encostada ao muro do jardim.
A noite estava morna, silenciosa e luarenta, como tantas outras noites de Maio…
O pequeno jardim interior, rodeado de paredes brancas e buganvílias vermelhas, que tantas vezes lhe servira de refúgio inspirador… parecia-lhe agora despido e vazio, solitário. A cama de rede, indolente entre os dois enormes chorões, recordava-lhe tempos passados, quando ali tentava adormecer a sua pequena fada, como ele lhe gostava de chamar.
Mas a pequena fada transformara-se de pronto numa bela princesa e – como o tempo passara depressa – sem se dar bem conta, crescera… saíra de casa, frequentara a universidade, voltara e… aos 24 anos… iria partir de vez, embarcando naquela viagem por mares desconhecidos chamada de … casamento.
Deu consigo a pensar que estava a ser idiota.
- Afinal de contas, ela só vai mudar de cidade…
O pio de uma coruja mais atrevida fê-lo abrir os olhos. No andar de cima, a luz do quarto permanecia acesa – a esposa estava ainda mais nervosa que ele, apesar de se recusar a admiti-lo.
- Isto de ser pai – pensou – tem que se lhe diga…
Deram-lhe o nome de Juliana, mas sempre a chamaram de Ju…
A Ju era, como provavelmente são todas as filhas, a menina do papá; talvez pela compatibilidade de feitios, pelos mesmos olhos castanhos e sorriso atrevido ou simplesmente por todo o tempo que tiverem a possibilidade de passar juntos, enquanto ele a via crescer…
Fosse como fosse, chegara a altura de a ver partir… e isso apertava-lhe a garganta e revolvia-lhe o estômago; não pelo casamento em si – o futuro genro até era um moço às direitas, daqueles príncipes encantados que ele próprio não fora… e, mais importante que tudo, estava perdido de amores por ela.
Os dois seriam independentes, autónomos … e felizes, disso tinha a certeza. E mais que isso não poderia desejar.
Mas se tudo fosse assim tão simples… porque motivo persistia ainda aquele nó na garganta… aquela sensação de um súbito vazio, como se de repente o mundo perdesse a cor e tudo se resumisse a um sépia entristecido ?
Talvez o vazio… talvez o quarto vazio. Teria que se habituar a passar pela porta do quarto e a deixar de olhar para os peluches ainda arrumados ao lado das almofadas… ou aquela tentativa de estátua de barro que ambos tinham tentado fazer na garagem, quando ela fez oito anos…
Não.
O que mais custava era mesmo a antecipação da distância…
Uma cidade diferente, uma viagem. É claro que existiam telefones, telemóveis, sms, Internet, essas coisas todas… mas enfim, teria que se habituar a isso…
Tão embrenhado estava nos seus pensamentos, que nem se apercebeu da figura que descia silenciosamente as escadas em direcção ao quintal.
(continua...)
(...continuação)
- Ainda aqui estás?
Ele despertou, sobressaltado.
- Ju… nem dei por chegares…
- Isso percebi eu. Porque não te vais deitar?
- Ora… não tinha sono. Por isso lembrei-me de vir apanhar um bocadinho de ar fresco…
Ela sorriu.
- Mentiroso… vieste para aqui carpir as mágoas…
Foi a vez dele se rir. Para além de tudo, a filha sempre tivera a resposta pronta, na ponta da língua. Sempre fora assim.
- Não sejas tola… estava só a descansar… amanhã vai ser um dia bastante cansativo…
- Cansativo ? A quem o dizes… sou eu que me vou casar, não és tu…
Ele permaneceu em silêncio, a pensar numa resposta que não chegou a surgir.
- Olha… - acabou ela por dizer – sabes… tenho aqui uma pequena prenda para ti…
E puxando de uma pequena caixa escura, com um laçarote vermelho, colocou-lha nas mãos.
- O que é isto ? Tu é que te vais casar e eu é que recebo as prendas ?
Ela agarrou-se-lhe ao pescoço.
- Achei que ias precisar disto… abre, vê se gostas…
Curioso, desatou cuidadosamente o laço de fita. A pequena caixa de madeira escura, pouco maior que um maço de cigarros, sacolejava... como se algo baloiçasse no seu interior. Algo pesado.
Levantou a tampa.
Destacando-se do fundo branco, uma grande chave de ferro – daquelas antigas, de ferrolho – espreitava-o.
- Uma chave ?
Ela devolveu-lhe o olhar.
- Sim.. uma chave. É a chave da minha nova casa, sabes? ... Em sentido figurado, claro... mas não deixa de ser uma chave... que é para perceberes que lá por eu me ir embora... não significa que me vá embora... Por isso te dou essa chave, para que te apeteça usá-la... quando me fores visitar.
Ele ficou a olhar para ela, bebendo lá no fundo dos olhos aquela cumplicidade que sempre os acompanhara, ao longo de todos aqueles anos.
Afinal... – ele sabia-o agora – ela também lhe sabia ler os pensamentos...
Vais ver que quando fores para a tua linda casa nova isso te passa ;-)
Enviar um comentário