Como já referi aqui algumas vezes, este ano resolvi reler os diários que escrevi quando era adolescente, dos 14 aos 16 anos, completando um total de 18 diários. Achei que seria engraçado passar algumas transcrições para o blog, porque "recordar é viver" e porque houve algumas passagens que me chamaram a atenção, por uma ou outra razão. Vou, assim, iniciar aqui no blog uma espécie de "rubrica", um posting para cada diário (ou seja, 18 postings). Vou publicar estes postings no mesmo dia em que vou publicar outros (ou seja, vai haver dias que vou publicar dois post's) e não vão ter comentários, acho que seria desapropriado: os diários não tinham comentários e não vejo porque haveria de os ter agora. Apenas quero deixar aqui uma etiqueta daquilo que um dia fui; um dia, talvez volte a reler tudo de novo.
observações para quem quiser ler: o que está em itálico é, naturalmente, o que está lá escrito. o que está entre parênteses e a cor, são os meus comentários mentais ao ler as transcrições, ou a explicar o porquê de ter dito aquilo naquele momento (contextualização).
1º diário. 14 anos.
Dedicatória da Cristiana quando me ofereceu o primeiro diário:
6/6/2004
Querida Cláudia,
Espero que este caderninho te possa ajudar, “guardando” os teus desabafos, as tuas dores, os teus sonhos e tudo o que te apeteça confiar em segredo, a estas linhas (mas é sempre melhor confiar, falando com amigas, também porque isso pode ajudar, conversar com outras pessoas). Um dia mais tarde, quando reveres estas páginas, te rirás enternecida, daquilo que sentias, a que davas muita importância e que, afinal, depois ficou diferente com o passar dos anos.
É sempre bom escrever um diário, eu escrevi-o, dos 14 aos 24 anos. Um beijo, xi-coração, M. Cristiana. (como ela tinha razão)
Primeira entrada no diário, 6/6/2004 – “Oi! Chamo-me Cláudia, 14 anos, vivo neste meu mundo infeliz (para mim é), embora os adultos insistam em dizer que são os melhores anos da minha vida (eles não sabem o que eu sofro).”
Entrada a dia 12/06/2004 – “hoje, fui aos escoteiros. O Tiago não foi, porque foi ao jogo do Euro 2004 (0-1): Portugal vs Grécia. Perdemos =( Se o Tiago estivesse aqui comigo (o que é claramente impossível) e se ele estivesse triste, eu consolava-o e dizia que Portugal iria ganhar noutro jogo… e eu ganhava uns pontinhos ou quem sabe… ele de repente se virasse para mim e ficássemos os dois com as caras juntinhas, olhos nos olhos e… chucak!” (desenhos assassinados de lábios e corações e smiles, para o desenho nunca tive jeitinho nenhum).
Entrada a dia 22/06/2004 – “já comprei a BRAVO. Traz um poster gigante do Orlando Bloom. Ele tá lindo!!! Ou melhor, ele é lindo!!! É o meu ídolo!!”
Entrada a 02/07/2004 – “a Érica disse que, muitas vezes, a minha mãe lhe dizia: ‘eu não quero ser a mãe dela, quero ser a amiga, eu não quero que ela me respeite, quero que ela me ame’. Mas amar tem tudo a ver com respeito. A minha mãe nunca me ensinou a respeitá-la. Desde muito cedo que a minha mãe me deu demasiada liberdade, demasiada confiança. Mas eu quero uma mãe, porque amigos arranjo-os ‘lá fora’, percebes? Eu, além de precisar de amigos, preciso de uma mãe. Tenho necessidade de uma mãe, aquela típica mãe que impõe regras e limites e se dá ao respeito, não uma mãe que me deixa fazer o que eu quero e que já fale comigo sobre rapazes. Eu não me sinto à vontade com isso.” (quando estava com muitos problemas com a minha mãe e comecei a considerar ir viver com a minha avó, por influência do meu pai e também porque naquela idade precisava de regras e estabilidade, coisa q não tinha com a minha mãe).
Entrada a 14/07/2004 – “foi então que aconteceu a situação mais embaraçosa e hilariante do fim-de-semana. Foi assim: estávamos todos encostados e sentados nas madeiras que cercam o local onde íamos andar de cavalo. De repente, um cavalo, o ‘Fúria’, veio em direcção a mim e começou a vir para cima de mim. Ele ficou completamente excitado! A pila dele cresceu completamente. Eu comecei a dar-lhe festinhas e depois afastei-me, só que ele veio atrás de mim! O Tiago disse assim: ‘chegou-se ao pé da Cláudia e aquilo cresceu logo!’. Eu olhei assim para ele, com cara de quem se está quase a rir… tipo! Toda a gente a rir à gargalhada. Começaram a brincar comigo, tipo a chamarem-me de Miss Furiosa. Esta vai ficar mesmo para a história. Foi hilariante.” (um acampamento nos escoteiros em que um cavalo se excitou comigo).
Diários. São o meu tesouro pessoal. Valem mais que todo o jackpot do euro-milhões. têm um valor sentimental imenso.
No outro dia, li isto numa revista brasileira, num artigo que falava de diários: “Às vezes, o dia é fraco, não conto nada, às vezes um único dia rende três páginas inteiras. Também não é a mesma coisa que escrever em blog. Diário é muito pessoal, tem de ser de papel, para a gente poder pegar e esconder debaixo da cama.” Como eu a percebo:]
Muaah @
desde que fiz aquela quase-directa nos meus anos que não consigo estar uma hora inteira sem sono. se me sento, por mais de 5 minutos, fico para morrer. não há cafés que resolvam a coisa. sou um ser que precisa de dormir mais do que qualquer outro ser (umas 10 horas por noite para ficar bem), e aquilo deu cabo de mim, tottaly. é isso, o calor inesperado e os ataques de alergia. apetece-me passar uma semana inteira despida num quarto escuro e a dormir. e amanhã vou trabalhar 12 horas! bleeh.