18 de junho de 2010

' Dos meus Diários #8 + #9

Diário 8. 14/15 anos.

Entrada a 15/03/2005“estive a falar com o M… ele também teve negativa a matemática! Somos almas-gémeas!”

Entrada a 19/03/2005“em casa, o ambiente continua pesado. Se bem que hoje a minha avó fez-me o pequeno-almoço. Deve estar cheia de remorsos por ser como é para mim. Eu também estou, porque sei que às vezes também sou má. E às vezes gostava que ela não demonstrasse que gosta de mim, porque assim eu já não me sentia tão culpada por fazer certas coisas que às vezes faço e não consigo evitar fazê-las.” (quando morava em casa da minha avó, aos 14 anos)

Entrada a 30/03/2005“nunca imaginei ir tão longe numa auto-caravana… estou a escrever da Áustria. Quando voltar a Portugal hei-de fazer um ‘roteiro de viagem’. Por enquanto, até agora, já passámos por Espanha, França, Alemanha, República Checa e Áustria. Hoje, vi e toquei pela primeira vez em neve. Dia 30 de Março de 2005 , com 14 anos -> toquei em neve pela 1ª vez!” (quando fomos viajar na caravana (mãe, Fernando, Marília, Kika e André)

Entrada a 05/04/2005quando fiz o tal ‘roteiro de viagem’“ (…) no 2º dia chegámos a Espanha, mas como eles têm a mania das ‘siestas’, atravessámos tudo de seguida. Em França, parámos em Paris e depois Versalhes. Comemos e dormimos em frente à Torre Eiffel (categoria, não é para todos, eheheh). Atravessámos Alemanha e fomos para Praga, onde ficámos 2 dias em casa de uns amigos da M. A Micaela, uma dessas amigas, fez-nos uma visita guiada à cidade. Ela só falava checo e inglês e eu só falo português e inglês, por isso tínhamos de estar sempre a falar em inglês, mais ninguém para além de mim sabia grande coisa… ao fim de um dia, até já sonhava em inglês! Depois, partimos para Áustria, onde passámos uma noite. Foi aí que toquei em neve pela primeira vez! Lindo! Depois fomos para Itália. E em Itália passámos um dia e uma noite em Veneza (cidade linda), depois fomos para Milão e depois para o Mónaco, um estado independente que pertence ao território francês. Lá, a minha mãe e o F. ‘casaram-se’ (fizeram um casamento a brincar na praia e eu filmei tudo e apanhei o boquet de flores =P ). Depois, fomos sempre pela costa, passando pelas zonas costeiras de França e entrámos por Espanha adentro, onde parámos em Barcelona para tirar umas fotos. Depois foi Barcelona – Madrid – Badajoz – Lisboa! E aqui estou eu. Foi fantástico. Outras coisas: li 3 livros durante a viagem (…), o F. ensinou-me a ‘conduzir’ (agora já posso dizer que a primeira coisa que conduzi foi uma auto-caravana) e comprei um ursinho em Praga para o M. (…)”

Entrada a 07/04/2005“tenho de ir renovar o meu BI e tirar esta ftoo horrorosa de quando eu tinha 10 anos. Faltam 17 dias para eu fazer 15 aninhos!! Eh, tou a deixar de ser pita! =P

Entrada a 25/04/2005 – “(…) ontem recebi do meu pai um aparelho que é tipo um discman, mas é muito mais ‘à frente’… é uma caixinha branca, nem sei o nome, que dá para ouvir música!” (era um mp3 -.-').

Entrada a 28/05/2005“Às vezes considero-me a mim própria, especialmente nestes momentos em que a minha auto-estima desce em flecha, como uma pessoa má, que só pensa nos seus problemas e que faz dos seus problemas insignificantes um bicho de 7 cabeças. No outro dia, desabafei com o meu pai sobre isto. Ele disse ‘tu não és má; tu és revoltada. Tens muitas mágoas dentro de ti’ – e esta é uma grande verdade”.

Entrada a 15/06/2005“O meu encontro com o Sandro: sim, aconteceu… ele beijou-me! Bem, vou começar pelo princípio… o encontro foi bastante longe daqui (…) falámos um bocado, decidimos ir ao cinema e fomos para a esplanada falar até o filme começar… mas na sala de cinema é que foi! Ele passou metade do filme a olhar para mim, e a outra metade a dizer que me ‘amava’ e a beijar-me. Foi o meu 1º beijo ‘a sério’, e sinceramente eu estava à espera de mais… pensava que ia ver flores e estrelas e ouvir sininhos, mas nada disso…! (é verdade que eu sonhei que este momento fosse com o M. e acabou por não ser, mas acho que não foi por isso).” (primeiro encontro com o Sandro, primeiro namorado)


Diário 9. 15 anos.

Entrada a 21/06/2005“Ainda estou um bocado triste por causa de ontem. Hoje acordei com uma enorme dor de cabeça por ter estado a chorar e nem queria ir ao colégio, mas o F. ligou-me a dizer que ia à tarde, assim também vou. De manhã, quando fui à sala, com cara de choro, a minha avó abraçou-me. Por momentos pensei que ela tinha percebido e que aquilo fosse um gesto de carinho, mas ela depois começou a cantar os parabéns e eu lembrei-me que ela fazia anos. Claro… ela ia lá perceber como eu estava, e se percebesse, ela ia-me lá abraçar por causa disso… (…) anyway, estou aqui por casa. Só me apetece morrer. Nem me apetece nada estudar. Quero lá saber, também já passei o ano, de qualquer maneira.” (depressão e quando vivi em casa da minha avó).

Entrada a 27/06/2005“Hoje pensei em matar-me, até escrevi uma espécie de mini-testamento, carta de despedida, mas acabei por deitá-la fora. Falei com a R. ao telefone uma hora e tal. Sinto-me um caos, a minha mente está uma desarrumação, por isso as coisas à minha volta também estão assim (isto é uma lei psicológica que eu vi num programa de tv e me identifiquei, em que a pessoa que está deprimida interioriza que o ambiente à sua volta tem que estar como ela está… uma desgraça). Sinto o mundo a cair sobre mim.” (depressão)

Entrada a 28/06/2005“hoje foi um dia para esquecer. Acordei, almocei, fiz a minha cama de lavado, limpei o meu computador, porque precisava de arrumar e limpar para arrumar a minha mente; até aqui tudo bem. O pior foi à noite: a minha mãe veio-me buscar para ir jantar com ela. A avó telefonou-lhe a fazer queixinhas de mim e gritou tanto que até eu ouvi. Fiquei bastante nervosa só com isso. Pedi ao meu pai se podia ir sair com o SA amanhã (para desanuviar), e ele não deixou. EXPLODI. (outra vez). Nem vale a pena descrever tudo, ainda estou demasiado nervosa para isso, mas a conclusão é que tive para me matar esta noite (só não tive coragem). O meu pai veio cá e tivemos imenso tempo a falar. (…) Continuo sem conseguir bem o que me tem deixado neste estado de depressão permanente neste último ano…” (depressão)

Entrada a 29/06/2005 (depois de mais um episódio depressivo em que também me queria suicidar)“(..) de há um ano para cá, especialmente desde que comecei a escrever, que me tenho sentido assim, deprimida, mas não sei definir porquê, não consigo perceber o que perturba tanto. (…) O meu pai viu como eu estava e acabou por me deixar ir ter com o SA (…) Ele pediu-me em namoro, eu aceitei, ficámos a música inteira “Emotions” (a ouvir pelo meu mp3) a beijar-nos. Um recorde: o nosso beijo mais longo. Tivemos 3 horas e meia juntos e eu nem dei pelo tempo a passar… só ele mesmo para me deixar nas nuvens depois de uma noite como a de ontem. Uma noite fatídica.” (quando estava deprimida mas comecei a namorar com o Sandro). 07-07-2005 – “Ontem não sei o que me deu… quer dizer, até sei, aquela coisa frequente que me acontece, ficar triste e desanimada quase sem razão nenhuma. A minha mãe veio cá a casa e tirou a minha roupa (à bruta) toda das gavetas e mandou-me arrumar tudo porque a avó foi-lhe fazer queixinhas, e que estava farta, e que eu ia voltar a viver com ela (mais uma mudança de casa para juntar à colecção). Depois, acabei por não ir, mas o pior foi que ela também tirou alguma roupa da Tânia, e o que é que a minha avó fez? Foi arrumar a roupa dela toda direitinha e não arrumou a minha. Só gostava de perceber porquê. Mas há mais: 80% do guarda-roupa é da Miss Tânia, porque ela tem montes de roupa e tem que ter o seu precioso espaço! Eu tenho uma minoria do espaço e se calhar tenho a mesma quantidade de roupa que ela. São estas coisas que quem está de fora não vê… e é isso que me revolta mais! Não ter espaço, viver na sala, ter as minhas coisas da forma que a T. quer, e a casa nem sequer é dela, a avó está a fazer-lhe um grande FAVOR em deixá-la viver lá! Faltas de privacidade atrás de faltas de privacidade. Hoje, a minha avó mandou-me guardar uma coisa para ela não sei aonde, e eu fui mesmo fria e disse para ir ela arrumar. Mas foi uma resposta estúpida, porque mais tarde apercebi-me de que podia ter dito que ela também não tinha arrumado a minha roupa. Justo, não?! Quando ela diz que eu só faço as coisas mal e que ‘devia apanhar das boas’, só me apetece dizer-lhe ‘se calhar devia apanhar as que tu apanhaste quando tinhas a minha idade e cometias os mesmos erros que eu’, mas em vez disso digo ‘força, dá-me’, talvez para eu poder dizer legitimamente, ter razões para protestar, e talvez fosse só desta maneira que alguém percebesse o que realmente se passa aqui. Porque enquanto o problema forem só abusos verbais, ninguém liga, ninguém dá importância, eu é que exagero. Talvez se passasse aos abusos físicos fosse melhor. Porque ninguém vê estas coisas. Ninguém. Uma vez, ela deu-me uma estalada, só que eu não posso usar isso, porque ela anda sempre a desmentir esse episódio, e toda a gente prefere acreditar nela, a avozinha querida e boa, e na Tânia, a outra prima que também é um exemplo de pessoa, em vez de mim, porque eu sou a ‘mentirosa e falsa da família’. Estou farta de viver num ambiente em que não me respeitam, não confiam em mim e só criticam tudo o que eu faço e me chamam de mentirosa todos os dias. Eu sou a má da fita e pronto.” (quando vivi 1 ano em casa da minha avó quando tinha 14 anos)

Entrada a 10/06/2005“Ontem, quando dormi com o SA, foi só mesmo dormir, porque ele adormeceu na minha cama (não aconteceu nada mais…lol). Ps – o SA salvou-me a vida. Hoje à tarde, quando eu ia a levantar em cima do sofá, escorreguei e cai, e se não fosse o SA a puxar-me, eu de certeza que tinha batido com a cabeça na bancada que estava à minha frente (isto foi na caravana). Ele salvou-me a vida!!!”

Entrada a 14-07-2005“(…) amanhã sempre posso ir ao concerto dos DZRT!!! Com o SA!!!!! O meu pai deixou-me ir!!! Nem acredito que vou ver os DZRT… com o SA!! os DZRT, os DZRT, os DZRT!!! SA, SA, SA!!! Meu deuuuussss… lool. (…) eu e o SA trocámos as nossas passwords do msn, uma espécie de ‘jogo de confiança’. (ataque de pitisse)