24 de janeiro de 2011

' FUCK.

Por fim, pensar trouxe-me uma solução.



Se nestes dias não tenho feito outra coisa senão pensar, pensar e pensar e chegar sempre às mesmas conclusões e ainda surgirem mais perguntas, hoje finalmente cheguei a uma conclusão:

Quero libertar-me.

Estou farta de fazer as coisas porque os outros querem, ou porque os outros acham bem (outros=meus pais), e sempre com o objectivo de “ter um futuro melhor”. Estudo “para um dia”… faço isto, “para um dia”… aquilo “para um dia”… para um dia o quê? PARA UM DIA QUE NUNCA MAIS CHEGA. E o dia de hoje? Não conta para nada?

Será que vale a pena viver na vida que construíram para mim, só “para um dia”? Tive pais excelentes, como já referi, mas eles nunca me perguntaram se eu era feliz. Querem o melhor para mim, sim, no mundo deles, o que para eles é felicidade.

O melhor para mim seria parar com merdas de me questionar e em vez de dizer a mim mesma que não sei o que quero, fazer-me à vida. Acabar o curso e arranjar um trabalho, sair de casa e dar netos aos meus pais. Tudo como eles querem.

Mas o que eu preciso não é de nada disso. O que eu preciso é de alguma liberdade momentânea, mesmo que seja de curta-duração. De chegar a casa e não ter a minha mãe a dizer “apaga a luz”, “apaga o fogão”, ”põe a loiça na máquina” tantas vezes até me doer a cabeça (e quem conhece a minha mãe sabe que este “doer a cabeça” é literal). E eu ter de ouvir e aceitar e obedecer às regras da minha mãe porque, e nisso ela tem razão, enquanto for ela a sustentar-me, que remédio tenho eu. Preciso de não ter que contar os trocos, os cêntimos, para comprar uma merda de um maço de tabaco, ou pedir 10 euros à minha mãe para ir ao mcdonalds uma vez por mês, ou nem preciso de ir tão longe, pedir dinheiro aos meus pais para sair de casa e simplesmente ter um dia de aulas, porque ando sempre falida mas tenho que comer durante o dia.

Queria poder chegar a uma casa onde eu mandasse. Aliás, onde eu mandasse não, que não queria logo ir viver sozinha, mas sim partilhar com amigos. Onde a loiça não tivesse hora para ser lavada. Onde as luzes pudessem estar todas ligadas ao mesmo tempo se me apetecesse. Onde podia comer esparguete com esparguete todos os dias, fazer uma panela de esparguete com molho de tomate às 5h da manhã se fosse preciso. Queria poder partilhar a casa com um ou dois amigos(as), que não nos fodessemos o juízo mutuamente por merdinhas sem importância. Que eu pudesse chegar a casa com a maior moca da minha vida e adormecer no hall de entrada e de manhã não ter uma mãe a perfurar-me os tímpanos, mas alguém a dizer “estás bonita estás”.

Queria poder largar a faculdade e começar a trabalhar. Podia ser num call-center, numa loja de roupa, em trabalhinhos de merda, mas que me permitissem provar o gostinho da independência. Podia custar-me ter que seguir uma rotina todos os dias, coisa à qual nunca estamos habituados na faculdade (sendo que faltar às aulas é o pão-nosso-de-cada-dia), mas afinal, a liberdade tem preço?

Queria poder chegar ao fim-de-semana e poder desfrutar dele. Sem pedir dinheiro aos meus pais. Sair para onde quisesse, fazer o que quisesse, tudo isto tendo carro e sem estar dependente da merda dos autocarros.
No fundo, queria ter uma pausa. Queria parar de ser tão bem tratada pelos meus pais, tão mimada, que querendo fazer tudo por mim, não vêm que me sufocam. Queria sair de casa, trabalhar no duro, mesmo que doesse, a liberdade não tem preço.

A satisfação que isso me traria seria apenas a curto-prazo. No imediato, enquanto desse, enquanto eu me aguentasse. Nunca seria algo no qual me pudesse apoiar para o futuro, como a licenciatura que estou a tirar agora.

Mas, porra, que mais interessa senão o curto-prazo? Afinal, eu estou a construir um futuro… um futuro para quem? Na maioria das vezes penso que esse não é futuro para mim. E se eu morrer amanhã? Isto pode ser extremista, mas estou apenas a pensar em todas as possibilidades.

Para além disso, tenho muitos projectos em mente. Queria tanto investir no Mulher XL, queria tanto tirar cursos livres por hobbie e interesse pessoal, tenho tantas ideias para escrever livros que gostava de ver publicados. Tenho listas com nomes e títulos e ideias e coisas e coisas e mais coisas.

E dinheiro para isso?

Fantasio com isto tudo uns largos 20 minutos, até que caio à realidade e penso… falar sequer disto com o meu pai ia provocar-lhe um ataque cardíaco. Ia deserdar-me na hora. Era o equivalente a dizer que estou grávida porque detesto preservativos e confio na pílula para a qual ele me dá 8 euros todos os meses.

estou com TPM e aconteceram umas merdas este f.d.s.... entre as quais uma sogra que só não me chama de p*ta porque não pode. lindo! precisava de descarregar. há dias em que me farto da minha vida.

3 comentários:

Salsa disse...

Só te digo: "filha um dia mãe serás!"
Acho que este provérbio popular de adqua ao teu estado de espírito.
Sabes do alto dos meus 35 anos posso dizer-te que já fui como tu, já lutei muito para ter a minha independência, hoje tenho-a, mas olho para trás com imensa saudade do tempo em que era como tu em que apenas queria fazer as minhas coisas a vara larga.

Anónimo disse...

blog muito interessante este...
Só para deixar um comentário/testemunho... Devido aos estudos tive de me afastar de casa. Claro que é sempre bom no início e é um desafio...é tudo muito giro... Mas agora, ao estar quase a terminar os estudos já não vejo a hora de voltar para casa dos pais... Sinto falta que chamem para a mesa... que mandem fazer isto ou aquilo... pode parecer insignificante mas sinto imensa falta disso e de tantas outras coisas que não damos valor nenhum e desprezamos, e que longe nos fazem sentir tanta falta... Quem me dera voltar rápido para casa e ter isso tudo...
Boa continuação no blog...

Botas disse...

Um pouco de mim no post.

<3