Vendo a minha própria relação "de fora", consigo ver que temos uma óptima dinâmica. Todo o mundo que nos conhece diz o mesmo. Aliás, a mim já me chegaram mesmo a dizer que somos "um casal legalize" (amei a expressão).
Porque somos tão diferentes (a sério, mesmo muito, se eu sou dia ele é noite, se eu sou jazz ele é metal, se eu sou fogo com terra ele é qualquer coisa como ar misturado com água), e porque nos damos tão bem. E, sobretudo como é que eu me estou a aguentar tão bem numa relação quando sempre me dei mal com elas no passado, e, melhor ainda, como é que o Bruno, sendo como é, com as ideias que tem, consegue adaptar-se a mim, sendo como sou e com as ideias que tenho, e vice-versa.
À partida, quem nos conhecesse separadamente, NUNCA diria que iríamos dar-nos tão bem.
Mas nós temos um segredo.
Aceitação.
Nós aceitamo-nos mutuamente de uma forma tão natural como nunca na vida eu vi em nenhuma relação, inclusivé relações em que eu já estive inserida.
Isto pode parecer simples, básico e até um lugar-comum, mas para mim é algo raro, difícil de encontrar, e por isso precioso, muito bom, alguém assim, como ele.
Porque eu sou maluca. Sim, sou. Eu tenho ideias malucas. É difícil para alguém com uma mente mais fechada não me conhecer sem me julgar. São raras as pessoas na minha vida que eu sei que não me julgam de forma alguma. Sou daquele tipo de pessoa que ou se adora ou se odeia - se me conhecerem o suficiente. Se só me conhecerem à superfície, talvez fiquem indiferentes. Mas, once you know me, you get to jugde me. Já estou habituada e, sinceramente, pouco me incomoda. sempre adorei e sempre me ri imenso ao ouvir boatos sobre mim. antes ser mal falada do que não ser falada de todo. sou extremamente egocêntrica nesse aspecto.
Quem me conhece o suficiente/há algum tempo, ou até mesmo quem lê o meu blog desde há 2 anos para cá, sabe que a minha forma de pensar no que toca a relações amorosas/passionais é completamente oposta à forma de pensar da maioria das pessoas (aliás, é basicamente no que toca a "tudo", mas nisso é ainda mais extremo). Eu sou a favor das relações abertas; de práticas como orgias e swing; eu tenho 1564866 fantasias impossíveis de realizar ou de deixar alguém com o queixo caído. Para além disso, eu sou demasiado sincera. Eu digo logo tudo frontalmente. Eu digo abertamente: eu era capaz de trair; e por isso, era perfeitamente capaz de perdoar uma traição (isto não quer dizer que vá acontecer). Eu sou capaz de apreciar o corpo de um rapaz e de uma rapariga (sim, que sou uma bi-curiosa à espera para satisfazer a minha curiosidade) à frente dele, e de dizer o que eu faria com ele/a, à frente do meu NAMORADO.
Obviously, a maioria dos namorados mandavam-me dar uma curva, e já me mandaram por estas mesmas razões. Sou demasiado liberal, sou demasiado out of the box, demais para aguentar. Não tenho quaisquer tabus nem nada que não queira experimentar e nada acerca disso é secreto. Mas os meus namorados nunca souberam lidar bem com isso. Ainda hoje um ex me diz, por exemplo, que uma das razões porque acabou comigo foi por eu ter-lhe dito que era capaz de perdoar uma traição (e daí ele inferiu que eu ía traí-lo). Basicamente, já acabaram comigo por eu ser um livro aberto. Mas não aprendi com o "erro". Só esperei que a pessoa acertada para mim aparecesse.
A cena com o Bruno é que ele está ok com isso. Ele simplesmente não faz cenas. Não quer dizer que ele não se importe comigo ou que não goste de mim, porque eu sei que ele gosta muito. Quer apenas dizer que ele soube ver-me com olhos de ver e soube aceitar todo o pacote, não só metade nem só o que lhe convinha! Ele não quer aquela namorada púdica, falsa moralista que se arma em inocente. Ele quer alguém que seja assim, um livro aberto como eu. Ao ponto de eu ter recebido uma proposta indecente para uma passagem de ano a dois no Algarve e eu ter contado tudo isso ao Bruno, todos os pormenores. Se calhar a maioria das gajas ou não falava sequer no assunto, ou dizia que ia com umas amigas e enfim... mas eu não. eu apostei na comunicação e na sinceridade, aliás, defeito de fábrica meu (por vezes pode ser mau). O que é que o Bruno fez? Mostrou tristeza e reticência, claro. E, no fim, disse "se quiseres podes ir, amor. Não te quero prender a nada. Tenho medo de como me vou sentir quando voltares e eu souber que fizeste sexo com ele, provavelmente vou sentir-me muito magoado, mas prefiro que faças isso e não te perder, do que estragar a nossa relação por te proibir de algo, porque eu gosto demasiado de ti para te perder". Todo um discurso à volta disso. Eu não fui. Vou ser sincera: se ele me tivesse "proibido", talvez eu tivesse ido. Porque eu não gosto que me ponham imposições, sejam namorados ou não. Porque eu sou assim. Eu consigo separar sexo de emoções, e naquele caso seria apenas, apenas e só, sexo (para mim), com alguém por quem eu me sinto fisicamente - e só fisicamente - atraída. Mas não. Ele pôs-me tão à vontade que eu perdi a vontade de ir. Sinceramente, ele não merecia sequer que eu o magoasse assim. A aceitação pode ser muita, mas eu também não quero ser abusadora a esse ponto.
Ou seja. A nossa relação é toda ela baseada na confiança, comunicação e sinceridade. O que se torna num ciclo vicioso: eu sou tão, tão, tão sincera com ele, que ele já sabe que pode contar com isso, e já sabe que nunca lhe esconderia nada importante; por saber disso, ele confia em mim, porque sabe que não escondo nada; e eu, por sentir essa confiança da parte dele, perco a vontade de fazer algo de errado, como trair, ou de esconder coisas. O fruto proibido deixa de ser o mais apetecido, porque deixa de ser proibido.
Bottom line is... temos uma dinâmica relacional extremamente saudável. Tanto podemos falar abertamente em traições e comentar um com o outro que "temos que ir àquele bar onde fazem orgias em Melbourne" ao vermos o "69 coisas sexy's para fazer antes de morrer" na Sic Radical, como podemos imaginar-nos velhinhos com 80 anos em casa a fazer malha.
Tenho aquela sensação - e certeza - de que posso falar de absolutamente tudo com ele: ele não se vai assustar se eu falar em casamento, ele não se vai assustar se eu falar em filhos, ele não se vai assustar se eu falar que X Y ou Z me quer levar p'ra cama, ou se eu falar que quero fazer swing, por exemplo. Ele não se vai assustar com nada porque ele aceitou todo o pacote que eu trago, todos os devaneios e as ideias loucas e a imprevisibilidade. ele já está à espera que tudo saia da minha boca.
Nunca tive nada assim na vida, aliás, nunca vi nada assim na vida (só na televisão), não quero, de forma nenhuma, perdê-lo.
5 comentários:
gostei do teu post, voces tem a mesma relação que eu e a minha namorada/noiva, a comunicação e tudo a falar e que nos entendemos =)
Gostei de ler, apesar de eu não conseguir ter a mente aberta a esse ponto, de trair e pensar em orgias. Simplesmente não acho piada nenhuma, não faz o meu género. Mas não julgo quem concorda.
E se numa relação ambos concordarem, então melhor! O que interessa é mesmo isso, é a pessoa que gosta de nós e de quem gostamos aceite E GOSTE do pacote inteiro.
Por isso é que eu acho que há sempre uma pessoa certa para todos nós :)
Beijinho*
Já tive uma visão mais "aberta" das relações(não tanto como tu =P),mas apercebi-me, por algumas coisas que fui vivendo e aprendendo, que se calhar sou mais tradicional do que pensava. E acabo por não tolerar certas coisas que pensava que iria tolerar sem problemas..
É mesmo bom teres encontrado alguém que pense da mesma forma que tu em tanta coisa! É realmente raro..quem me dera a mim =p (e a muitos!)
beijinho*
"Eu sou capaz de apreciar o corpo de um rapaz e de uma rapariga (sim, que sou uma bi-curiosa à espera para satisfazer a minha curiosidade) à frente dele, e de dizer o que eu faria com ele/a, à frente do meu NAMORADO." - Oh yeah ! Just like u xD
"ele aceitou todo o pacote que eu trago, todos os devaneios e as ideias loucas e a imprevisibilidade. ele já está à espera que tudo saia da minha boca." - melhor parte do post. Amei +.+
Nem sei o que dizer.=$.Só posso dizer que te amo feia.=P
<3
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