1 de dezembro de 2008

' Situação Impossível / Moving #3.

ATENÇÃO: este post está mesmo, mesmo, mesmo, muito grande.

Já não aguento mais esta situação. Não aguento mais humilhações, mais bocas, mais faltas de privacidade e muito menos que mexam nas minhas coisas. Estou farta de andar constantemente triste, sem vontade de fazer nada e numa pilha de nervos incrível. Tudo o que eu peço é que me deixem em paz, que não me mandem bocas, que não me ignorem e sobretudo que respeitem o meu espaço. A partir do momento em que o invadem e em que a situação passa para o estado de me ignorarem quando digo 'olá' e 'até logo', aí eu também tenho a minha dignidade e digo CHEGA. Não sou nenhum cão para andar aqui a fazer tudo o que pedem e em troca ser constantemente enchovalhada. Há 6 meses que estou a aturar uma situação que me é muito díficil. Estou a viver em casa da minha avó, numa casa que, segundo ela, 'não é minha' ('não estás na tua casa'), porque a minha 'nova' casa está em obras. Não tenho quarto, tenho uma cama pra dormir e outra pra pôr a minha roupa. As minhas coisas estão todas em sacos ou em caixas, só tenho o portátil e os pertences mais pessoais NA SALA.

Vivo com uma autêntica criança. Amua, faz birra, fica dias sem me falar. Ignora-me. Escusado será referir o mau ambiente que aqui se forma. Não tenho privacidade. Não tenho espaço. Se quiser chorar, não posso. Até para falar ao telemóvel, quase que tenho de me esconder para ela não ouvir e mesmo assim ela manda sempre a boquinha do 'deves ter muita coisa pra falar que eu não possa ouvir'. Pois tenho.

Demasiadas perguntas. Onde vais, com quem vais, a que horas vais. Quando começou a perceber que isso comigo não funcionava, passou à fase de mandar boquinhas sempre que saio do género 'deves ter uma vida muito ocupada deves' (com aquele tom de provocação mesmo). Eu nem respondo. Mas que todos os males fossem isso...

Tento agradar a tudo e a todos (pra não terem razão de queixa de mim), faço as minhas coisas cá por casa, limpezas, arrumações, não-desarrumações e até algumas compras. Só não cozinho porque ela não quer que ninguém cozinhe cá em casa sem ser ela. ora, melhor pra mim. E mesmo assim não tenho a minha paz de espírito. Deitar uma caixa de cartão que se estava a desfazer toda fora - uma caixa MINHA - é pretexto para gritos, berros, discussões e ataques de raiva, seguidos de umas longas duas semanas quase sem me dirigir palavra, simplesmente porque ela gosta de acumular tralha e detesta deitar coisas fora. A coisa chegou ao cúmulo de não me deixar ver televisão. Tirar-me o comando à força ou, pior, desligar o contador da electricidade, se quero ficar a ver televisão até tarde.

Não posso trazer ninguém cá a casa sem que esse alguém oiça boquinhas. Sem que mais tarde EU oiça boquinhas. Já desisti até. Não gosto de deixar pessoas à porta, mas prefiro que elas fiquem com péssima impressão minha do que ouvirem coisas que não têem nada que ouvir.

Ela tem duas filhas (a minha mãe e tia) e 3 netas (as minhas duas primas). Elas são uns anjinhos caídos do céu (pelas descrições dela). Mas a verdade é que só cá poem os pés quando querem que a minha avó lhes arranje alguma peça de roupa gratuitamente. Não querem mais saber dela. Porquê ? Porque ela é, de facto, insuportável. Porque a minha mãe não tem estudos nenhuns porque com 16 anos zarpou do inferno que é esta casa. Se é pretexto? Não, não é pretexto. Mas acreditem que nos momentos de mais raiva, de mais tristeza, de mais nervosismo, só apetece é sair porta fora e dizer 'tu fazes por afastar toda a gente que te rodeia. continua assim'. a minha mãe teve coragem para o fazer e eu já estive muitas vezes à beira de.

Não me quero fazer de vítima. Pelo contrário, até me sinto culpada por falar assim. Se não fosse a culpa e aquele sentimento de ter a obrigação de aturá-la e de fazer tudo bem não me sentia tão mal por dizer o que digo - que não passa da verdade. Afinal, ela é minha avó. Ela é A MINHA AVÓ. E este blog é testemunha de alguns posts bons que fiz sobre ela. Foi ela que praticamente cuidou de mim enquanto eu era pequena e os meus pais íam trabalhar. E eu apesar de tudo adoro-a. Só que é simplesmente impossível viver com ela. É mesmo aquelas relações 'gosto de ti, mas viver contigo, NUNCA'. se eu estou em minha casa e ela na dela, damo-nos bem. falamos ao telefone, tratamo-nos por 'vó' e 'filha', ela lá me faz umas comidinhas boas e aparece de vez em quando. Agora, viver com ela, ninguém aguenta mais de duas semanas. Porque o simples trocar uma gaveta de meias é um escândalo. Nem ao espelho eu me posso ver, todos os dias é 'vê lá se queres levar o espelho contigo' (e não é a brincar, é mesmo a provocar, aquele tom de voz que irrita toda a gente) .

É simplesmente a pessoa mais embirrenta COM TUDO que eu conheço. Além disso, ter cuidado de mim quando eu era pequena não lhe dá o direito de me tratar mal, de me ignorar, de gritar comigo. dá-lhe o direito de pedir que seja eu agora a tratar dela (apesar dela ainda se aguentar bastante bem). e é o que eu tento fazer, ajudá-la, ir comprar medicamentos à farmácia quando ela está doente de cama, e sempre que ela me pede qualquer coisa. isto, quando ela não me põe numa pilha de nervos que me apetece partir a loiça toda.

De entre as inúmeras coisas que me tiram do sério e que ela faz, predominam o mexer nas minhas coisas, o invadir completamente a minha privacidade, mudar as minhas coisas de sítio ou implicar pelo sítio onde elas estão (quando as minhas coisas e eu ocupam tipo 5% da casa dela, já com cama incluída), como se a minha presença a incomodasse, fosse um inconveniente assim tão grande !... mandar bocas constantemente e ter ataques de raiva que dão direito a atirar coisas ao chão (aquelas que vemos nas novelas).

estou tão farta disto. tão farta, mas tão farta. farta de não chegar a casa, e sim a quase um local público onde não posso estar à vontade. farta de críticas, de pedidos sem agradimentos, de faltas de pedidos de desculpas, de PRESSÕES, se stresses, de nervosismos, de gritos, de choros. e com tantas saudades de ter uma casa MINHA (já que esta não o é, palavras dela) onde chegar ao fim do dia. Eu só quero chegar a MINHA casa, dormir na MINHA cama, fazer O QUE EU QUISER porque estou em MINHA CASA. Tenho saudades de gostar de estar em casa, e encarar a 'casa' como sítio onde posso estar à vontade, descansar, estar sossegada sem me azocrinarem o juízo, chorar, rir, cantar, dançar e fazer o raio que me der na gana à vontade. Saudades dos serões e longas noites passadas a ver filmes à vontade sem que alguém venha constantemente relembrar-me das horas, isto quando não desliga a televisão ou o contador . Até do meu cão tenho saudades (eu pedi-lhe que ela deixasse o cão ficar aqui, mas adivinhem a resposta). Epa, sinceramente... Será pedir muito que me deixem ir para MINHA CASA?

Este post está escrito há algum tempo.. uns meses já... (vejam lá o tempo que eu tenho de aturar isto) ... tenho adiado a sua publicação e até mesmo pensar no assunto - dormir umas longas 10 horas por dia e passar as outras 14 horas do dia se possível fora de casa. fazer os possíveis para vir a casa só jantar, estar um bocado na net (já que raramente tenho acesso à televisão e aos canais que eu quero ver), e dormir outras 10 ou 11 horas. mas o meu limite está a chegar ao fim. a semana passada passei-me. quando me ía a vestir pra sair de casa de manhã, a minha roupa tinha desaparecido toda. o que é que ela foi fazer? distribuiu a roupa por diversas gavetas, tudo trocado, calças misturadas com roupa interior, enfim, grande confusão (e este gesto foi mesmo do género 'a tua roupa estorva-me muito aqui', não foi pra me fazer nenhum favor). custava-lhe muito ter-me pedido pra fazer isso? Não, preferiu mexer no que não deve. Depois de andar séculos a organizar mais ou menos aquilo, vesti-me e quando ía a sair de casa mais uma vez e para variar, eu disse 'até logo' e não obtive resposta. ela não me bate, mas há coisas que incrivelmente doem mais... (obrigada pela ajuda verbal Elite). incrível. depois de viver o último ano testemunha de violência doméstica ligeira, calha-me esta na rifa. felizmente esse assunto está resolvido e o cabrão do meu padrasto já é História. e agora?.. mas será que não posso ter um ambiente em casa estável? não sei que mais hei-de fazer. e depois oiço pessoas a dizer que detestam viver sozinhas em Lisboa. porra, o que eu não dava por viver sozinha, na minha paz de espírito. quando a solidão começasse a bater à porta, sempre podia fazer uma coisa que sempre gostei de fazer mas nunca pude: trazer amigos pra dormir em minha casa. Soluções pra isto? 1 - falar com os meus pais: estão-se a cagar; o meu pai diz 'não ligues', como se eu fosse uma criança da 1ª classe que tem de ignorar os colegas que gozam com ela; a minha mãe diz que sou demasiado sensível e que tenho de me aguentar à bronca. grandes pais que eu tenho. Admitem que é INSUPORTÁVEL viver nesta casa, mas como não são eles, eu que me aguente. 2 - ir viver com o meu pai (ando a considerar seriamente essa hipótese, apesar das razões que existem desde sempre e que me teem prendido de o fazer...

E é assim que começo este mês de Dezembro. Continuo a ter muitos planos e sonhos. Mas há coisas que me deixam sem vontade, sem motivação, com uma imensa vontade de dormir só, deixar tudo em stand by. É caso pra dizer 'Wake me up when December ends'. Porque mesmo quando está tudo relativamente calmo e bem, eu sinto falta do meu espaço à mesma. é normal, não ? ..

14 comentários:

Andreia disse...

Isso realmente não está fácil. Bolas, ainda bem que a minha avó é uma querida!=)

Andreia disse...

P.S. EU já vivi com a minha avó, quando era pequena. Passava lá os fins de semana também quando os meus pais iam tocar. Gostava muito!

_+*Ælitis*+_ disse...

Não foi dificil ler este post pelo seu comprimento. mas é um post dificil pelo seu conteudo. Ela não te bate, mas ha coisas nas nossas vidas que doem muito mais moralmente... e isso sao episodios que nao vais esquecer tao cedo, e é uma pena uma relação bonita estar a degradar-se.

Espero que tenhas a casa renovada rapidamente e zarpar!

Beijo meu ♥,

A Elite

Anónimo disse...

Bem..como sempre eu li até ao fim e compreendo. Nunca vivi na casa de ninguem (felizmente), mas conheço experiências de várias pessoas que ja o fizeram, por isso, é como se eu já tivesse vivido.
Realmente é complicado, por mais que gostemos de determinada pessoa, é como a minha mae diz : " cada macaco no seu galho"....justamente para não criar estes aborrecimentos todos.
Realmente deve ser insuportável, eu realmente não sei o que faria...por um lado está a raiva, por outro o amor pela família. É complicado.....já experimentaste lhe mostrar este texto? Podia resultar em algo positivo...:D

Desejo sinceramente que as coisas melhorem em breve.
Nada melhor que a nossa casinha, o nosso quarto, o nosso cantinho.

beijos

Anónimo disse...

Força.

B! disse...

Percebo-te perfeitamente, com a minha avó também é a mesma coisa. Há 2 anos atrás fui passar 1 mês a casa dela no Verão e no fim da primeira semana já estava a implorar para me vir embora! Isso é por causa das mentalidades e da diferença de idades entre vocês.

Unknown disse...

Nunca passei por isso, não sou ninguém para dizer seja o que for. Ainda assim, imagino pelo que estás a passar, mas só tens que te aguentar e esperar até teres a tua própria casa. Até lá, força!

Carla disse...

Olha ...primeiro que tudo apenas te posso dizer para teres calma ...

A minha avó é mais ou menos como a tua...eu sou quem a visita ,mais e no entanto as minhas irmãs são sempre as espectaculares...graças a Deus nunca morei com ela , se não acho que dava em louca num dia apenas ...

Pensa apenas que é uma fase passageira...e aguenta...

bj

Menina disse...

Nem sei o que te hei-de dizer..nunca passei por uma situação dessas, mas compreendo que deve estar a ser mesmo muito dificil para ti. Só espero que tenhas a casa pronta rapidamente e que te sintas melhor! Força!

beijo*

Anónimo disse...

d facto o teu post é gigante...mas pelo que percebi tas passada dos carretos, se assim posso dizer....miuda relaxa faz ioga, acompanhado d uma garrafa de abcinto, vais ver que te sentes muito melhor ^^


bejocas da mj
=**

TT disse...

"Wake me up when December ends"!!

PB disse...

Relaxa. Tem calma. A motivação há-de aparecer, tens é que estar disposta a tê-la. Se entras em negativismos...

Força

Beijinhos

Anónimo disse...

Ola, achei sei blog por acaso, apesar de ser bem mais velha do que vc, me divirto mto com seus textos, não fica triste assim..e dificil, tenha paciencia, respire , vai passar, não te conheço, mas esse seu texto me deixou preocupada com vc..uma vontade apenas de lhe dizer..se precisares conversar, estou aqui.. vc tem uma alegria maravilhosa, devia e ir fazer jornalismo, escreve mto bem..anda la menina..sorria..cade a alegria que sempre passa? pense no amanha.e se precisar conversar ..

Vida de Praia disse...

Que chato! Faz contagem decrescente!... ;-)