Fui passar o fim-de-semana à santa terrinha.
That's a big deal for me.
Passo a explicar: eu sou uma pessoa (demasiado) citadina. Gosto (demais) da confusão, do barulho, do movimento. Não vou dizer que detesto, mas definitivamente não sou pessoa de campo. Aquela sensação de calma bucólica, do ócio, de estar rodeada por árvores, de não ver um único carro, chega a fazer-me uma confusão que me deixa irritadiça. Sim, houve alturas em que eu fiquei irritadiça porque estava (há menos de 24 horas) no campo. Não gosto, não sei porquê, nem para passar fins-de-semana. Para além do mais não estou habituada a famílias grandes. A bebés a chorar a toda a hora e a crianças naquela idade irritante sempre atrás de mim (o sobrinho do Alex, de 4 anos, adorou-me, não sei porquê, que além de não ser uma pessoa de campo não sou definitivamente uma pessoa de crianças, e andava sempre atrás de mim a absorver-me demasiada energia e às vezes, confesso, só me apetecia mandar um berro e dizer "pára quieto" mas não levanto a voz a filhos que não são meus! lol)... Aquilo é muita estranho, altares com a virgem maria a todas as esquinas, um cruxifixo em todas as paredes e um quadro da última ceia no quarto, eu sou anti-igreja, era um bocado creepy. E todas as pessoas ficavam a olhar para nós (eu e Vera) como se fôssemos ET's e cochichavam quando passávamos. Até mesmo as pessoas da nossa idade, um bocado limitadas (salvo algumas excepções), entediantes, demasiado normais (não gosto de pessoas normais, não no sentido literal da palavra, mas no sentido de serem pessoas que não oferecem nada de novo, mais do mesmo, enfim), bares e discotecas mesmo à santa terrinha, cheias de bimbos, é isso, bimbos é a palavra certa, enfim. Não conseguia, juro, não conseguia viver no campo.
Eu já sabia que ia ser assim, também eu tenho família espalhada por santas terrinhas (apesar de nunca lá ir), e não odiei de todo, apenas reforcei a minha opinião em relação a santas terrinhas. Mas fui à mesma, pela Vera e sobretudo pelo Alex que queria mesmo que eu fosse lá conhecer a família.
Quando estávamos a vir-nos embora, e todo o mundo desatou numa choradeira e eu não me senti minimamente triste por me vir embora, apercebi-me de que o meu problema não foi mesmo o campo em si. Que, pronto, 2 ou 3 dias rodeada de árvores até nem é assim tão mau. O meu problema é que eu não estou habituada a este ambiente familiar. Os pais, os avós, os tios, os cunhados, os primos, as crianças, a união. Todo o mundo a uma mesa a comer o dia todo (essa foi a melhor parte e eu devo ter engordado uns 3 quilos,lol), e depois o ir tomar café, o ir ver a feira, dar uma volta no meio de nenhures ver serras e montes de pedras. Não estou habituada, porque nunca tive. A minha família é a minha mãe, que mal vejo, e sempre assim o foi, que ela trabalha metade do dia, na cidade, e o meu pai que me controla à distância, e a minha avó. Isto tudo, entretanto, não se falam entre eles, ou porque estão chateados, ou porque são desligados que nem eu, não há almoços nem jantares de família nem crianças nem couves da horta nem ovos de galinha caseira, nem nada disso.
Para ser sincera, saí da minha zona de conforto e confesso que, em alguns momentos, me senti mesmo mal, desintegrada, com falta do que nunca tive, uma família unida, talvez por isso me tenha querido afastar, por saber disso, e saber que não compreendo esta união familiar, sobretudo famílias do campo.
Este post está altamente desorganizado, que eu hoje não estou lá com muita queda para escrever, mas, bottom line is: não gosto de santas terrinhas, saí da minha zona de conforto habitual, apercebi-me de que o motivo verdadeiro da minha melancolia foi o ter-me apercebido de que nunca tive aquilo, e por isso não conseguia compreender o motivo de alegria de, por exemplo, a Vera (que já compreende porque tem família grande e unida também), gostei pela companhia, pelo que fizemos, pelo nosso momento a três no centro geodésico, por termos gravado "CLÁUDIA ALEXANDRE VERA" no banco com uma chave e por todos esses momentos, mas, lá está, estou triste. Estou triste porque me apercebi de que sinto falta de algo que nunca tive, mas que deve ser bom.
Muaah @
3 comentários:
Retive as tuas últimas linhas.
Por vezes as coisas e as pessoas estão mesmo ao nosso lado e nem as vemos.
Nunca é tarde para recomeçar algo de novo na nossa vida.
Quanto à parte de viver no campo, sou o oposto de ti lol 80% dos dias dava tudo para viver na minha Afife, longe de tudo, a poder respirar ar puro, dar voltas a pé pelo monte, estar mais em contacto com animais, menos barulho, etc. Não conseguia viver sempre no campo, mas não me importava de viver maioritariamente num sítio assim e, de vez em quando, ir matar saudades à cidade.
Quanto à parte da família, a minha família é pequena e muita não mora perto. A grande parte das vezes somos só 4 (pais e irmão), por isso, também não estou habituada a esse movimento todo de familiares, crianças, etc. Só muito raramente, no verão ou assim, é que se junta mais gente da minha família.
Mas parece-me que passaste um bom fim de semana e isso é que interessa =)*
A terrinha e familias a deixar-te assim.=p
<3
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