(a pedido de muitas famílias e porque estou farta da pergunta "então e o novo curso?" LOL)
Estou oficialmente no curso de PSICOLOGIA desde o início de Setembro, mas com as praxes e início do ano lectivo e os furos e as aulas de apresentação e blá blá, só agora pude fazer uma avaliação mais profunda deste meu novo curso.
foi e tem sido um longo caminho: eu nunca sei o que quero. curiosamente, gosto de nunca saber o que quero. gosto de saber sempre apenas aquilo q não quero. sempre tive esta teoria: uma das coisas que mais limitam a liberdade e a força criativa do ser humano, é este definir-se. "eu quero ser médico", "eu quero ser gestora", "eu quero ser arquitecta". e se pelo caminho descobrirem um mundo novo e diferente para além da "medicina", "gestão" e "arquitectura", é um choque. é aquilo a que, em psicologia, se chama: dissonância cognitiva. logo, definir-se, é LIMITAR-SE. ora, eu nunca me limitei. sempre fui mais inclinada para a área das letras e humanidades, desde que me lembro, mas não ponho fora de hipótese um dia apaixonar-me pela matemática ou pelas ciências exactas, ou por outra coisa qualquer.
assim, nunca sabendo o que quis ao certo, entrei para Gestão de Recursos Humanos (meu antigo curso), completamente AO CALHAS. sabia que queria qualquer coisa com 'humano', 'humanidade'. mas por outro lado - e não querendo responsabilizar ninguém, pois a escolha e respectiva responsabilidade foi e é somente minha - deixei-me influenciar pelas 'modas dos cursos', aquilo que dizem 'ter mais saída'. e, o que está na moda agora, são as gestões e informáticas. mas como eu de informática só percebo da net (LOL), foi uma questão de mistura. a única faculdade pública de Lisboa que tinha este curso era o ISCTE. e lá fui eu. 1ª opção da candidatura ao ensino superior ano lectivo 2009/2008: GRH no ISCTE.
Mas não demorei muito a perceber que aquilo não era para mim. havia qualquer coisa (E NÃO, NÃO ERAM AS ESTATÍSTICAS, como toda a gente pensa, que me fez mudar, estatística também eu tenho em psicologia e são logo 3, portanto, NÃO, não fugi de nada), era um je ne sais quoi, que me fazia sentir extremamente frustrada todos os dias, todas as aulas. um sentimento de inutilidade 'eu não estou aqui a fazer nada'. ainda antes do 1º semestre acabar decidi que ía mudar de curso; agora, até escolher o 'destino', foi um caso sério. só me decidi por psicologia já quase no fim do ano lectivo, depois de ver os planos de estudos dos cursos-opção, porque psicologia sempre foi uma OPÇÃO. e porque havia no iscte. e eu queria continuar lá. gosto muito daquela faculdade.
e eu escrevi em maiusculas OPÇÃO, porque, lá está: Psicologia não é o meu sonho. não deve ser a minha vocação. não é o que eu sempre quis. porque eu nunca sempre quis nada. era tudo opções.
e sim (e por favor não me repitam que é o que eu mais oiço) eu sei que psicologia está na merda em termos de empregabilidade. mas eu tenho esta capacidade fantástica que é a de conseguir não me preocupar muito com o futuro. vivo demasiado no presente para me preocupar em se vou ter emprego daqui a 4. 5, 6 anos. isso é mesmo muito tempo. prefiro passar 3 anos num curso que adoro, e depois trabalhar em algo q possa não ter nada a ver (e possivelmente pelo caminho encontrar qualquer tipo de vocação), do que estar não-sei-quantos anos (que seriam mais que 3, dado eu ficar com as cadeiras de contabilidades para trás) num curso que me deixava frustrada. não me interessa nada ter emprego garantido em grh, se fosse para ter aquele sentimento de frustração nos próximos anos. basicamente: estamos no ano de 2009, certo? e no ano de 2009, eu quero estar em psicologia. e não me interessa o que vai acontecer no ano de 2012. estamos em 2009! eu faço o que quero e gosto, sem medos! nunca gostei muito de mudanças, mas não tenho medo delas, quando são para melhor!
de uma maneira geral,
estou a gostar muito. melhor ainda, vou ter algumas
equivalências (sempre valeu a pena esforçar-me um mínimo no antigo curso) e uma delas calha este semestre (fiz 'Psicologia Social das Organizações' em Grh e isso dá equivalência a 'Psicologia Organizacional: Processos Individuais' em Psicologia), por isso só tenho 4 cadeirinhas pra me preocupar :D e
como já é o meu 2º ano de faculdade e eu vim de um curso bastante mais difícil, isso facilita-me muito a vida, muito mesmo. tenho cá um feeling que me vou dar bem.
o meu horário é óptimo, os meus profs impecáveis (apesar de um deles dar as aulas em inglês, até me safo, e apesar de termos uma professora que é um bocado megera, mas pronto, eu tive equivalência a essa cadeira por isso não tenho de aturar...) e,
apesar de não ter estado presente nas praxes de psicologia, já conheci algumas pessoas fantásticas. felizmente já conhecia uma ou 2 pessoas do curso, e apesar do curso ser ENORME em termos de pessoas (é que somos mesmo muuuiiitos), e de ser quase impossível conhecer toda a gente sem ser de vista, com os trabalhos de grupo e debates e etc etc torna-se mais fácil... e acho que também é algo que vai lá com o tempo, com os jantares de curso e etc. só tenho
duas 'críticas' em relação às pessoas: 1 - é um
curso de GAJAS. ou seja, aquele
ambiente de intrigas,
'não gosto dela', 'não vou com a cara dela', 'ela irrita-me' e falarem mal umas das outras (seja pelas costas, seja mesmo cara-a-cara através de boquinhas) com apenas uma semana de aulas, é inevitável. e eu, apesar de me encaixar na categoria das 'gajas', devo dizer que acho horrível. 2 -
as poucas pessoas do sexo masculino que existem, não jogam na minha liga. isto é, são
gays. atenção, não sou nada contra. pra dizer a verdade até gosto de gays. MAS,
fazia tão bem que num ambiente tão feminino, houvesse uma presença fortemente masculina. é que...
eu achava que "em psicologia é tudo gajas e gays" era um mito urbano. mas aos poucos vou conferindo que é mesmo REALIDADE. vou é começar a pensar em ir tratar dos papéis para ir em
Erasmus no 2º ano :D
e apesar do 1º ano ser muito genérico e das únicas cadeiras realmente relacionadas com psicologia este ano serem Psicologia Social e Psicofisiologia e Genética (basicamente),
sinto-me motivada. gosto das aulas. gosto mesmo. gosto puro. enquanto que no curso anterior me baldava a 70% das aulas e só fiz 6 cadeiras em 10, neste tenho mesmo VONTADE de ir para as aulas, porque é algo que me interessa. mesmo que seja às 8h da manhã. e era mesmo disto que eu precisava:
algo que me apaixonasse.
gosto especialmente dos
debates de Psicologia Social. há um cujo tema é:
há verdadeiro altruísmo, ou não? vou adorar este debate, porque eu acho que não existe verdadeiro altruísmo. é uma mera máscara do Ego Humano. e por mais que nos convençamos a nós próprios que é porque gostamos de ajudar aos outros, é
bull sheet. é para nos sentirmos menos miseráveis. um dia tenho de escrever um
post sobre isso... de qualquer forma, esta cadeira é um óptimo exercício para aprendermos a aceitar a opinião dos outros. eu não acredito no verdadeiro altruísmo. mas se alguém acredita.. óptimo,respeito!
comigo é sempre assim: à 2ª é de vez. acerto sempre. aconteceu-me o mesmo no secundário, quando mudei de ciências para humanidades.
e quanto ao ano de 2008/2009, não foi um total desperdício: esforcei-me um bocadinho, tive equivalências, no 2º semestre tirei férias (só fiz 2 cadeiras fáceis), tive férias prolongadas, conheci pessoas que mudaram a minha vida, e agora sim, sinto que estou no caminho certo. às vezes, é preciso irmos por 'caminhos errados' para perceber que não era nada daquilo. mas que não se perdeu nada com a experiência. pelo contrário: só se ficou a ganhar. (excepto os 1000 euros de propinas, LOL).
Muaah @