Chego ao pé de ti quase a chorar. Falas comigo como se nada fosse, como se estivesse tudo óptimo . Meia-hora depois perguntas-me o que tenho, porque estou assim - como se fosses um desconhecido que me vê a chorar no meio da rua e nem sabe nada da minha vida nem acerca de mim . Perguntas-me se fizeste alguma coisa - porque nem sabes quando o fazes. Perguntas-me se vou ficar sem te falar para sempre. Se vou ficar triste para sempre. Se não te vou desculpar (mais uma vez) desta vez. Caminhamos por aí em silêncio. Prometo a mim própria que nem vou dizer nada (eu prometo sempre isto mas nunca consigo fazê-lo), até que tu me provocas e dizes algo que não me deixa ficar calada. Perguntas se foi por teres adormecido ontem a meio de uma conversa importante. Perguntas se foi de te teres esquecido que me tinhas prometido ficar a falar comigo - via net ou telemóvel - em casa nessa noite e para variar foste sair com os teus amigos e esqueceste-te de mim. Pedes desculpa, mas num tom de 'desculpa por te ter empurrado sem querer'. Dizes que estavas cansado. Perguntas outra vez se eu não te vou descupar (mais uma vez) dessa vez, se vou ficar triste para sempre. Eu digo-te que todas as noites estás cansado demais para falar comigo, mas não te lembras disso quando chegas a casa à uma da manhã todos os dias da semana nem que estás cansado o suficiente pra te ires divertir (não tenho nada contra que te divirtas, tenho contra que me digas que estavas cansado pra falar comigo mas não estavas cansado para ir sair). Não quiseste ficar 5 minutos à espera de uma resposta a uma mensagem - 'tu nunca mais respondias, fui dormir!', mas as horas e horas e horas que estiveste no café não contaram para nada, e tendo em conta que já fiquei à espera de uma resposta tua mais de meia-hora, quando estava a morrer de sono; esqueces-te das muitas vezes que me pediste para esperar 'só mais 15 minutos' para chegares a casa e me ligares, e eu esperei. Perguntas-me se foi por te teres esquecido de me dizer qualquer coisa uma noite inteira porque 'andava por aí e esqueci-me, estava um bocadinho alegre', quando eu nesta noite, podre de bêbada, andei séculos à procura do meu telemóvel porque tu me tinhas pedido para te ligar de manhã, quando podia ter ficado ali a aparvalhar com os meus amigos e depois dizer-te 'desculpa, estava bêbada'. Perguntas-me qual é o mal de, depois de mais uma noite eu ter ido dormir cada vez mais com sensação que estás a perder o interesse em mim, me mandares uma mensagem de manhã como se estivesse tudo óptimo - literalmente a ignorar o que eu sinto, como se eu estivesse sempre aqui pra te desculpar. Perguntas-me se eu quero que me dês mais atenção - como se me desses imensa. Perguntas-me se foi daquele f.d.s. que foste passar fora, em que houve uma grande bronca em casa da minha avó , e eu cheguei ao pé de ti para me despedir e não me consegui controlar e desatei a chorar, e tu estavas com a pressa toda para ir embora - 'agora já não posso descombinar!'.. ou se foi o outro em que também não estavas cá, e eu estive o fim-de-semana todo doente, a vomitar, já vomitava pelo nariz (lol), e tu nem uma mensagem a perguntar se eu estava melhor mandaste. Perguntas-me o que é que eu quero mais, se fazes o incrível sacrifício de quase todos os dias vires a Lisboa teres comigo. Falas como se tivesses toda a razão do mundo. Eu é que sou a má por ficar triste se te esqueces que eu existo, quando dantes eu era o mundo pra ti. Ainda tens a lata de me dizer que eu é que estou mal habituada. Fazes-me sentir estupidamente culpada e controladora por querer que me dês alguma atenção, coisa que nunca quis ser. Mas dás-me demasiadamente por garantida, como se eu estivesse aqui para sempre - nem notas que me estás a afastar cada vez mais.
No fim, fazes-me desculpar-te e fazer-me sentir terrível por te querer mudar, quando NÃO, NÃO TE QUERO MUDAR. Só quero que voltes a ser como dantes, porque mudaste voluntariamente e para pior. Quero que não ponhas tudo e todos à minha frente, sem deixarmos os dois de termos a nossa vida. Quero que pares de agir como se tivesse sido um enrome alívio eu ter mudado de casa, porque me magoas com isso. Quero que não seja um sacrifício vires ter comigo, porque se for, não quero que venhas. Não te quero mudar. Muito menos quero que mudes porque pensas que eu quero. Não quero que deixes de ser quem és nem deixar de fazer as coisas que fazes, porque foi por ti assim que eu me apaixonei há 14 meses e porque eu não deixo de fazer o que faço nem de ser quem sou. Só quero que faças as coisas de maneira a magoares-me menos e a deixares-me a pensar que a culpa é minha, o problema é meu, eu é que ando estúpida. Só quero que percebas quando eu preciso de apoio, tal como eu percebo quando não está tudo bem contigo, e não te apercebas disso só quando eu te digo. Eu detesto namoros e relações por causa destas merdas, sou sempre eu que acabo por ficar mal. Detesto precisar de alguém que me oiça e compreenda mais do que qualquer outra pessoa, precisar de alguém que perceba quando não estou bem. Detesto isto. No entanto alinhei entrar numa contigo porque gosto de ti, apesar de tu nunca perceberes quando estou mal - quase que tenho de escrever em letras garrafais ESTOU TRISTE. Custa-te assim tanto deixares de ser tão egoísta, pensares em mais alguma coisa que não seja o teu trabalho stressante, os teus amigos carentes que precisam da tua companhia todas as noites, o telemóvel e o carro que queres comprar? No fim, começas a chorar e a dizeres que realmente tens sido muito egoísta. Que só pensas em ti. Parece-me sincero - apesar de no dia seguinte já não achar o mesmo. Dizes-me que também te sentes mal e stressado por causa do teu trabalho; eu digo-te que não fazes absolutamente nada para mudar isso, e que em vez de acabares a porcaria do 12º ano andas a passear, a passar fins-de-semana fora, a sair todas as noites como se fossem 6ªs à noite. O pior é que dizes que sim, que queres mudar, que queres mesmo tirar o 12º ano, talvez entrar para a faculdade; mas uma pessoa que quer faz por isso, e eu não te vejo a fazer nada. Pior que isso, continuas a dizer que queres, porque não dizes de uma vez por todas que não queres? Sinceramente, não sou mãe de ninguém, muito menos tua mãe. Nem quero. Estou farta de te dizer o que acho melhor para ti, ir contigo à escola, ir contigo às Novas Oportunidades, procurar-te coisas na net sobre o curso que gostavas de tirar... não te posso bater para te mexeres, tu fazes as tuas escolhas...
No final de contas, não aguento ver-te a chorar e desato a chorar também. Mais uma vez, fazemos as pazes. No dia seguinte fazes o mesmo. Fazes-me lembrar os homens que batem nas mulheres, depois pedem desculpa e dizem que nunca mais vão voltar a fazer o mesmo, e prometem, juram mudar, e dois dias depois fazem o mesmo cada vez pior. Estou farta de falsas promessas que tudo vai ser diferente a partir de agora.
O pior é que eu não quero desistir daquilo que demorámos 3 anos a construir para celebrarmos 14 meses completos e sem acabarmos nenhuma vez. Não consigo deixar de te falar, 'dar um tempo' contigo, apesar de tu estares mesmo a precisar de levar um abanão, apanhar um susto e acordar para a vida. Muitas vezes apetece-me pregar-te um susto, acabar contigo para ver a tua reacção, apesar de prever qual seja - total despreocupação - mas nunca consigo (talvez porque tenho mesmo medo que te resignes e não venhas atrás de mim?). Não consigo ir embora sem fazer as pazes contigo e não consigo ir dormir chateada contigo, apesar de muitas vezes ter de ser assim porque tu adormeces a meio e deixas-me a falar para o boneco. Eu juro que não quero desistir, mas acho que já tenho coisas que me deixem triste o suficiente neste momento.
E este tem sido o nosso dia-a-dia, ou, vá lá, dia sim dia não. Elite, eu também quero isso. E, sobretudo, quero (tiraste-me as palavras da boca) não ter de escrever coisas como esta para que ele perceba alguma coisa, porque não percebe nada de nada de nada. E para finalizar, como cereja no topo do bolo, por vezes chego mesmo a duvidar de mim própria, se não sou eu que ando demasiado sensível e qualquer coisinha me põe a chorar, se não sou eu que estou a exigir apoio demais, se não sou eu que tenho razão, se sou eu que estou a ser injusta ! Cheguei à derradeira e mais perigosa fase de sempre... duvidar de mim própria!
13 comentários:
e que grande desabafo!
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A máquina de que falo no meu blog é uma espécie de "chef" de cozinha por isso basicamente faz tudo!
Estou completamente atordoada com o teu texto. Ao ler isto, senti que tu tiraste as palavras da minha mente como eu pareço ter tirado as tuas no post da madrugada. Acho que estamos no mesmo nivel das nossas vidas. Acredito mesmo nisso. Sera da Lua? :) não sei. Mas hoje sei o que eu quero. E quem não quiser? a porta está ali. Porque eu mereco e valho mesmo a pena, valho mesmo coisas boas.
E TU TAMBEM!
Beijo meu ♥ MUITO ESPECIAL,
A Elite
Eheh antes fosse assim! O meu cabelo é também prte de mim (por isso é que é meu ;D LOL)
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Sim, nao estava a imaginar-te sem ele (ou melhor, a nenhuma mulher!)
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Quanto ao teu post: um conselho, mulher que duvida dela propria nao cativa confiança. Por isso trata de puxar a autoconfiança ;)
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Quantas vezes eu também chego a pensar se o problema serei eu..
BJS*
Olha acho que o que posso dizer é que tens sempre este cantinho para desabafar (ou no msn se quiseres claro) e dar-te muita força para ultrapassares isto tudo..
beijinho grande*
Não me vou pronunciar...apenas deixar aqui um bj ...
Tens desafio no meu canto !!
bj
Já la está...foste mais rápida que eu...LOL
Vim aqui parar e não consegui evitar espreitar aqui e ali nos teus arquivos...
...e espero que tudo melhore em breve. (Um desejo-cliché, eu sei, mas sincero.)
Apenas te deixo uma beijoca e muita força!
Espero, sinceramente, que as coisas melhorem por estes lados...
:$
Vá, espírito natalício!! (LOOOL, supostamente uma época de alegria)
xD
As coisas vão entrar nos eixos, vais ver, dá tempo.
beijinhos
Como te percebo...
Está no meu blog! Epah e irei lá com certeza, quiçá amanha! ;)
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