ATENÇÃO:
post enormérrimo.
Na 2ª feira levantei-me às 7h da manhã para às 9h estar a fazer um exame de contabilidade financeira para a qual me estava literalmente a cagar. não tinha estudado nada e sabia que ía chumbar. se fosse outro dia qualquer eu tinha pensado 'que se lixe'. mas na noite anterior quase nem dormi a pensar no que tinha acontecido esse fim-de-semana. chorei bastante e fiquei horas a olhar para o ar a pensar.. e cheguei à conclusão que tenho de começar a fazer pela vida. até agora tem sido só rambóia e estar a desleixar-me em tudo. mas a partir de agora resolvi que, mesmo que mude de curso, mesmo que mude de casa, mesmo que a vida dê a maior volta,
tudo o que eu faço agora vai sempre valer a pena, nunca vai ser uma perda de tempo, nem que seja porque cresço psicologicamente com tudo, e portanto vou dar o meu melhor em tudo. cheguei ao exame claro que não sabia fazer nada. inventei à grande e à francesa. fiz aquilo pelo que me parecia mais lógico (o que nem sempre dá resultado LOL). devo ter ZERO. epá, mas pelo menos fui lá... cheia de sono, mas fui xD fiz tudo, inventei imenso, e com sorte ainda tenha acertado em algo. dei o meu melhor naquelas 2 horas e meia (sendo que o meu melhor, não sabendo como se fazia, era arranjar maneira de aquilo parecer ter sido pensado :P ). saí de lá toda contente.. sabia que ía ter péssima nota mas tinha dado o meu melhor, algo que não fazia desde o secundário xD e isso deu-me um novo alento..
e por isso resolvi parar de chorar (fogo, também foram só dois dias deprimida! sou uma
drama queen mas nem tanto assim) e
enfrentar as coisas como elas são. fazer forças das minhas próprias fraquezas. auto-motivar-me até para a coisa que eu mais detesto à face do mundo. a minha vida nunca foi um mar de rosas (e eu não me estou a fazer de vítima, pelo contrário), sobretudo a familiar (um dia hei-de fazer um
post sobre isso, mas a pouca família que tenho é completamente desestrturuada, passa por uma mãe ausente, padrastos bêbados e violentos e os dramas familiares da minha avó e parecer que vivia numa barraca de ciganos). mas se não baixei os braços quando tinha 10 ou 11 anos, e a vida me corria mal, e a minha mãe em vez de estar comigo estava a trabalhar,
workaholic como sempre, vou baixar agora com 18? nã, nada disso...
estou a viver com o meu pai, e estou muito bem. pronto, tem os seus contratempos:
o meu pai como sempre viveu sozinho, arranjou um trabalho mais-que-a-tempo-inteiro. e para não estar sozinho em casa todas as noites resolveu arranjar também um emprego nocturno, não é a noite toda, mas é como se fossem horas extraordinárias e exigem deslocações de carro. com a minha vinda para aqui, pôs-se a hipótese de ele deixar esse trabalho. mas a coisa não é assim tão simples. esse dinheiro faz-nos falta, sobretudo agora em tempo de crise (eu não queria falar disso aqui! bolas), e eu não queria que ele deixasse de fazer isso por minha causa e estando eu aqui temporariamente, porque precisamos MESMO desses trocos que fazem toda a diferença. outro problema que se põe é o da cozinha xD é que
ele não cozinha em casa há anos-luz precisamente porque só vai a casa dormir, e o frigorífico está avariado, o fogão deixou de funcionar, etc... resultado: aqui em casa não se come. ou seja, das duas uma: ou gastamos bastante dinheiro em refeições fora (baah) ou investe-se na cozinha, o que não fica nada barato e ía ser mais uma dívida, que não vinha nada a calhar. outra coisa é a
localização. eu não tenho aqui transportes nenhuns e dependo completamente da boleia do meu pai. mas ele tem que ir trabalhar todos os dias de manhã. e agora? fico sozinha em casa? e como aonde se não tenho cozinha?? e onde janto se ele tem aquele trabalho à noite? ou... vou com ele de manhã? tudo bem, quando tenho aulas. e agora nas férias?? vou de manhã para Lisboa fazer o quê? à tarde ainda se arranja o que fazer, mas de manhã?? agora ainda faz sentido porque estou em exames e tenho de estudar, mas.. e quando acabarem?? pronto, são esses os problemas de se viver aqui. e por isso aguentei aquele tempo todo em casa da minha avó e nunca vim para aqui. por enquanto tem sido assim (uma chatice):
eu vou com ele de manhã, vou estudar para a faculdade (nunca estudo assim muito... mas sempre é mais do que normalmente, e a este ritmo tiro 20 a tudo LOL),
à tarde combino algo com alguém, um almoço, um lanche, whatever para passar o tempo... (o que vale é que tenho
os melhores amigos do mundo :P e quase sempre uma companhia para a tarde),
o meu pai sai do trabalho, espero por ele, vou com ele aos sítios que ele tem de ir por causa do 2º emprego (fico no carro claro), jantamos qualquer coisa por aí e vimos para casa. até os exames acabarem ainda se aguenta assim, apesar de ser muito chato ter de acordar cedo nas férias e ficar o dia todo a secar quando não tenho companhia. mas pronto, uns dias ainda se faz. mas depois disso, torna-se insustentável, e fisicamente impossível. não venho para Lisboa o dia inteiro olhar para as nuvens, muito menos de manhã que não se faz NADA. as soluções seriam: desenrascarmo-nos até eu poder ir para minha casa; comprar uma cozinha, assim eu podia ficar em casa sem problemas. mas para além da falta de dinheiro (andamos a contar os trocos até para comer -.-), isso tudo vai sempre significar GASTOS, e
tudo depende da eterna questão que me assombra há 8 santos meses: QUANDO?? QUANDO??? QUANDO É QUE EU POSSO IR PARA MINHA CASA???? percebem agora porque digo que está tudo em stand-by?? está tudo dependente de uma palavra: QUANDO. E a quem vamos fazer esta pergunta? à minha querida
mãe. não a percebo, juro que não a percebo. há 8 ou 9 meses que anda a dizer
'é já para a semana'... mas vamos lá e está tudo na mesma:
um ESTALEIRO !! sacos de cimento e de areia por todo o lado, vigas das paredes à mostra, casa-de-banho e cozinha por montar... como é que eu posso viver numa casa sem água quente, ainda por cima com este frio? sem cozinha?? a única coisa que já tem é luz (aleluia! mesmo assim demorou só para isso)... sinceramente ninguém consegue perceber o que vai na cabeça da minha mãe. só ela sabe. perguntamos, perguntamos, perguntamos, interrogamos, torturamos, fazemos pressão psicológica.. e ela diz que faz tudo o que pode e que está farta de gastar dinheiro naquilo (e é verdade), e que os empreiteiros são uns baldas (e são), mas acaba sempre com aquele ar de confiança
'mais uma semanita'. como se não fosse nada com ela. será que ela não se preocupa de todo?? será que ela quer continuar a ir tomar banho e jantar a casa da minha avó? bem sei que as obras em Portugal demoram mais que o previsto a fazer, mas... 8 meses para fazer a porra de uma cozinha e duas casa-de-banho, dois quartos, um armário, uma sala e dois terraços ?? e nem neste tempo todo metade está feito?
quanto à minha
avó...
naquela noite dissemos umas coisas da boca para fora e de cabeça quente, mas
avó é sempre avó e neta é sempre neta. acabei por lá voltar para ir buscar coisas, também que remédio, depois de 3 dias a vestir a mesma roupa (já sentia o meu próprio cheiro a suor e quês
baah) xD .. ela estava mais bem-disposta e eu fiz questão de sair de lá a bem.. ou seja, sem chatices, sem me chatear, sem a chatear, sem discussões... ela provoca mas eu ignoro e no fim até lhe dei um beijinho.. (lol, isto devia ser normal, mas depois de tantos meses ali enfiada com um ambiente de cortar à faca todas as intimidades avó-neta foram à vida).. eu pretendo ir lá visitá-la frequentemente.. ao contrário do que ela pensa,
eu adoro-a e não quero cortar relações com ela... só não quero viver com ela..
gostar é uma coisa, querer ter o meu espaço é outra...
(por isso é que eu digo que nunca me hei-de casar.. não suporto faltas de privacidade nem faltas de espaço nem mesmo com a pessoa que eu mais ame no mundo)... mas voltando à vaca fria... acho que o tempo cura tudo e que está tudo ok. agora sim,
a minha relação com a minha avó (que nem sempre foi má,
dantes era óptima !! só é impossível viver com ela) está a
restabelecer-se. eu sei que ela vai voltar a fazer as sopinhas dela para mim e saladas de fruta e coisas assim,
coisas de avó. sinceramente,
fico tão feliz por isso...
quanto ao
ele.. para variar fizemos as
pazes.. (eu sou sempre a mesma coisa lol), mas estivemos a falar sériamente e tivemos de resolver umas coisas.. esta vez é mesmo a sério... outra escorregadela (minha ou dele) e se se tornar insuportável e não der mais, então não dá... até porque agora com isto tudo raramente nos vemos...sinto que somos
mais amigos que namorados :(
mas por enquanto, é assim mesmo:
dias improvisados, horas vazias, grandes secas no carro do meu pai, problemas com dinheiro, as minhas coisas espalhadas por 4 casas... nunca tive uma vida tão instável mas tão limitada e dependente de alguém, apesar de sempre ter sido um pouco instável... hoje estou aqui, amanhã posso estar noutro sítio, sempre com uma mala de viagem atrás com roupa para 2 semanas... há bastante tempo que não sei o que é chegar a CASA, ter o meu espaço, estar descansada, saber que estou bem ali, que as minhas coisas estão todas ali no sítio (e ordem física ajuda a manter a ordem psicológica, como tem estado tudo num caos... imaginem a minha cabeça feita em água),
que não estou dependente de ninguém para ir a lado nenhum, que posso comer em casa, tomar banho de água quente em casa, não chegar a casa às 23h, ir dormir às horas que quiser pois no dia seguinte não tenho de acordar as 8h para apanhar boleia.. sei lá eu... apesar de já estar habituada, é sempre complicado viver nesta instabilidade completa, tipo ciganos xD sempre a andar de um lado para o outro.. é
algo que nos faz falta a todos mas que nem sempre damos valor porque o temos no dia-a-dia... é como a electricidade.. só quando ligamos o interruptor e verificamos uma falha eléctrica é que percebemos o quanto ela nos faz falta.. e a situação agora está, como está há 8 meses, TOTALMENTE
EM STAND-BY!! e os dias passam... e é como se fosse uma bomba-relógio...
vai chegar o dia 31 de Janeiro, acabam os meus exames de 2ª época... até começarem as aulas outra vez... vou para minha casa? não vou? fico aqui? e como é que eu fico aqui os dias todos? tirando o facto de ser uma seca estar 9 dias fechada em casa (as aulas começam a 9 de Fevereiro)... no fim do mundo e sem transportes nem nada perto .. onde é que eu comia?? se nem tenho cozinha para cozinhar... e o trabalho do meu pai à noite... nós precisamos do dinheiro e isso não pode ser dispensado... como é que eu jantava? será que tenho de voltar para casa da minha avó? é uma incógnita... mas apesar de ser uma incógnita e o meu dia-a-dia ser baseado nos horários do meu pai (pois dependo das boleias dele para sair e entrar em casa)...
há que aguentar e fazer sacrifícios.. e se é para fazê-los, ao menos não os fazer contrariada...
what goes around comes around, e eu sei que os sacrifícios que tenho feito ao longo deste ANO vão-me ser recompensados de alguma forma... no fundo até é isso que ajuda um pouco:
quanto pior for agora, melhor será depois! então, toca a FAZER PELA VIDA E NÃO FICAR A CHORAR PELOS CANTOS!! @ [neste momento estou, para variar, na faculdade, desesperadamente à espera que chegue a hora do almoço para ir almoçar com um amigo meu... tenho excesso de tempo neste momento... esta semana em sido secanteeee.. passeio pela biblioteca, venho a esta net lenta como tudo (demorei uma hora a escrever isto -.-) (supostamente não podemos vir à net aqui, mas.. eu sou uma fora-de-lei :P ), procuro livros interessantes, leio livros interessantes, até DORMIR eu já dormitei aqui, e o tempo não passa... ando a arrastar o estudo que tenho da ultima cadeira que me falta fazer e mesmo assim dá tão pouco por dia.. LOL]