O nosso mundo é ridículo e complexamente simples de compreender.
Nós, seres humanos, damos demasiada importância às desgraças sem nos apercebermos que fomos nós que as criámos.
Fomos nós que criámos a moeda, o dinheiro, na minha opinião, fonte de todos os males que conhecemos. Éramos mais felizes quando trocávamos um quilo de feijões por um quilo de espinafres. Sobrevivíamos e vivíamos felizes durante 30 anos, esperança média de vida para a altura, sem conflitos, sem guerras e sem ninguém ser considerado superior a ninguém ou a ter mais poder que ninguém por ter um número mais elevado na conta bancária e/ou em bens. Fomos nós que criámos os governos, a política, de que tanto nos queixamos. Sim, os governos são, na sua grande maioria, corruptos e manipuladores, e por muito que achemos que somos nós que escolhemos quem nos governa (democracias), isso é tão mentira, é uma falácia tão grande, é preciso ter dois dedos de testa e pensar, nós nunca escolhemos absolutamente nada. Porque é que inventámos que precisávamos de alguém que nos governasse, afinal? Porque precisávamos de leis para não nos matarmos uns aos outros? Sim. Claro. Porque somos egoístas, gananciosos e competitivos. Porque precisávamos de economia, por termos de lidar e gerir a moeda? Fomos nós que criámos instituições religiosas por uma qualquer necessidade humana de crer em algo que não vê, uma entidade superior que tudo pode, e nos julga pelas nossas acções, e sabe para onde vamos depois da morte com base na nossa conduta em vida. É ridídulo. Para mim, a igreja é ainda mais ridícula e falsa e corrupta do que todos os governos juntos. Temos tanta pena de quem não tem condições para sobreviver e rezamos por elas quando vamos à missa todos os domingos, mas esquecemo-nos de que a Igreja Católica tem dinheiro e bens que davam para salvar todas as crianças que morrem de fome diariamente na África. Vindo um pouco mais para a era moderna, fomos nós que inventámos máquinas que fazem tudo, e agora queixamo-nos que não há emprego, fomos substituidos por máquinas, que não adoecem, não comem, não precisam de dormir, não têm família e trabalham mais de 8 horas por dia. Fomos nós que destruímos o planeta terra com toda a nossa ganância, queremos ter carros, queremos andar mais rápido, queremos chegar mais rápido para todos os sítios, temos sempre pressa para chegar a lado nenhum. Somos uns consumistas ridículos, nunca temos o suficiente, uma televisão na sala não é suficiente, é preciso uma em cada divisão da casa, um carro não chega, é preciso um para cada membro da família, não podemos lavar o prato depois do jantar, temos de ter uma máquina de lavar a loiça. Chegámos a um ponto em que já não podemos comprar mais nada, não só porque não precisamos e estamos cheios de coisas que nunca precisámos, mas também porque as comprámos, em primeiro lugar, com dinheiro que não tinhamos. Dinheiro, lá está, dinheiro. Dinheiro e poder.
Nós, seres humanos, somos mesmo ridículos. Destruímos e choramos depois, por cima. Até dá vontade de rir.
Acredito profundamente que o planeta terra, de tempos a tempos, se realinha no universo. Há um período com fortes catástrofes naturais, que matam grande parte da população mundial, se não toda, porções de terra ficam submersas, outras sobremergem, a terra fica em repouso durante mais uns bons milhares de anos, até que tudo reaparece de novo, pelo menos até agora, que temos tido condições físicas propícias ao aparecimento de vida. Aquilo que aconteceu com os dinossauros acontece várias vezes ao fim de um determinado tempo (milhares e milhões de anos). Há eras do gelo, há eras de aquecimento global, há eras estáveis, há eras de prosperidade e desenvolvimento, crescimento, evolução, há eras apocalípticas e de "fim" e de catástrofes. Aquilo a que chamam de "fim do mundo" e do qual temos tanto medo, não é mais do que aquilo que já aconteceu muitas vezes ao longo de milhares e milhões de anos. Afinal, não há nada de novo debaixo do sol. Já todos existimos, já todos morremos, desaparecemos e reaparecemos, desde ao primeiro protozoário ao maior elefante da savana africana.
É que tudo se reinventa, tudo se realinha. As espécies animais, o ser humano, as populações, o desenvolvimento, as depressões económicas, os governos, as igrejas/instituições religiosas, as guerras, as fomes, as epidemias. Achamos que, lá por sermos o mais racional de todo o reino animal, somos únicos e previlegiados, temos um lugar especial, e temos o direito de destruir o que não nos pertence nem nunca pertenceu, a sensação do falso poder. Lá está, o poder. Somos, isso mesmo, e não me canso de repetir, ridículos.
Não tenho medo de morrer, é ridículo. As pessoas agarram-se demasiado à vida, têm medo do fim, de um fim. Não percebem que tudo tem um fim, tudo sempre terá. E nós, eu, tu, não somos absolutamente nada.
80 anos de uma vida humana no background da existência - não falo somente da terra, mas sim do sistema solar, da via láctea, de todas as galáxias, do universo - é o mesmo que colocar um milisegundo em 200 anos.
Já deixei de ter medo. Já deixei de ser revoltada.