31 de março de 2011

' É que não sei responder a perguntas como "o que tens".

Sinto-me distante.



Distante das pessoas, das actividades, da rotina, do dia-a-dia. Já não abro a agenda logo que acordo a verificar o que tenho que fazer nesse dia. Já não envio mensagem de bom dia ao namorado - ele envia e eu respondo mais tarde. Já não pergunto em que sala é a aula,vou à procura quando não sei (acabo sempre por encontrar, depois de interromper algumas aulas). Já não me sento ao pé dos meus colegas, prefiro ficar sempre atrás. e quando eles se sentam ao pé de mim, eu fico sempre na minha. não me apetece conversar. nos intervalos vou sempre fumar um cigarro, mas nunca estou a ouvir realmente as conversas. estou lá, mas estou desligada. e quando me ligo, apetece-me desligar outra vez. tenho andado com muito pouca paciência para conversas superficiais, do namorado e da namorada, e do tio e da mãe e da cunhada e dos trabalhos e do trabalho, e do tempo, e da crise, e da praia, e da moda, e dos filmes que foram nomeados para não sei quê, e bla bla bla. "when you talk all I hear is...". mas, realmente, a "culpa" não é deles; eles só falam do que todo o mundo fala, conversa de circunstância sem importância. não posso pedir que se calem ou que falem de coisas que realmente importem. o problema é meu, não deles.

sinceramente - e correndo o risco de ser mal interpretada pelas pessoas que se dão comigo no dia-a-dia e que possivelmente lerão isto - estou farta da rotina; farta de estar sempre com as mesmas pessoas e ter as mesmas conversas. às vezes apetece-me estar simplesmente em silêncio, mas é impossível. é até constrangedor. depois perguntam-me "o que tenho" e eu detesto que me perguntem isso. às vezes, e não que esteja chateada com ninguém, quero frisar este ponto, apetece-me variar de companhias. não estar sempre com as mesmas pessoas. não é nada de pessoal com aquelas pessoas em específico. eu é que estou mesmo noutro mundo e com cada vez menos paciência para conversas de circunstância.

é que, em boa verdade, nada de especial - bom ou mau - aconteceu. mas eu tenho destas fases um tanto ou quanto estranhas. não me sinto deprimida, mas também não me sinto feliz; sinto-me apática, sinto-me apenas. tenho mais sono, menos fome, e apetece-me fazer menos. não me apetece falar com quase ninguém. ponho-me off no chat do msn, no chat do face, fico só a navegar, a ver coisas, não ligo a nada nem a ninguém.

as pessoas à minha volta acham que estou chateada. perguntam sempre se "estou bem" - pergunta que, confesso, me irrita um pouco, mas pronto. não estou chateada com ninguém. só me sinto a mudar. por dentro. como as cobras trocam de pele de tempos em tempos.

na verdade, no fundo no fundo, o que me apetecia era ir embora. não "desaparecer" no sentido triste ou de morrer - que gosto muito de viver - mas sim simplesmente ir embora. imagino-me imensas vezes a ir embora, em paz. a sair do sítio onde estou (porque nunca estou bem onde estou, ultimamente), a ir para outro qualquer, no meu mundo. não ter de ouvir as pessoas a perguntarem se estou bem, ou o que tenho, ou se estou triste, ou se estou chateada. não me apetece responder. não me apetece falar.

não me apetece nada. só me apetece ser. simplesmente, ser.

30 de março de 2011

' Organiza-te.



Abriste, fecha.
Acendeste, apaga.
Ligaste, desliga.
Desarrumaste, arruma.
Sujaste, limpa.
Quebraste, conserta.
Pediste emprestado, devolve.
Prometeste, cumpre.
É de graça, não desperdices.
Não sabes usar, chama quem sabe.
Para usar o que não te pertence, pede licença.
Não sabes como funciona, não mexas.
Não sabes fazer melhor, não critiques.
Não te diz respeito, não te intrometas.
Não vieste ajudar, não atrapalhes.
Ofendeste, pede desculpas.
Falaste, assume.

Seguindo este processo, a tua vida e a das outras pessoas será melhor.

É bem verdade...


28 de março de 2011

' Eu adoro-me.


em todas as situações. quando me dizem que sou gira. quando me dizem que sou feia. quando me dizem que sou boa. quando me dizem que preciso de fazer uma dieta. quando me dizem que sou sexy. quando me dizem que sou insegura. adoro-me, quer esteja de roupa de inverno, de pijama, ou de bikini na praia. adoro-me de saltos-altos, de sabrinas, de ténis, de xanatas. adoro-me toda maquilhada e adoro-me sem qualquer maquilhagem. adoro-me quando estou preparada para sair à noite e adoro-me quando acabo de acordar. adoro os meus quilos a mais, adoro as minhas estrias, a minha celulite, só me provam que sou uma mulher real. não sou perfeita, não, mas adoro-me. adoro-me, porque já aceitei e já vivo em paz com os meus defeitos, os meus medos e as minhas fraquezas.

27 de março de 2011

' Agora já posso dizer

(aos meus filhos e, espero, aos meus netos)
que vivi numa geração em que (desde que nasci) o governo caiu umas 5 vezes, mas esta última foi a pior de todas.

26 de março de 2011

' Das pessoas que absorvem demasiada energia.

Conhecem o “tipo”?



Aquelas pessoas espalhafatosas, que estão sempre a rir, a falar, a fazer algum barulho, ainda que agradável. Aquelas pessoas que não suportam silêncio, e por isso preenchem-no o máximo que podem. Aquelas pessoas com quem é agradável estar um par de horas, uma noite, um serão, mas que, ao fim de um certo tempo, cansam, por absorverem tanta energia.

Tenho um amigo que é raro vê-lo em silêncio. Se não está a falar, está a rir, se não está a rir, está a pensar alto, ou está a cantar. Ele absorve demasiada energia. Adoro-o de coração mas, confesso, ao fim de um tempo, eu já só brado aos céus por um pouco de silêncio, um pouco de descanso mental.

É que eu, adoro falar, adoro rir. Mas adoro, igualmente ou até mais, o silêncio. O silêncio é lindíssimo.

25 de março de 2011

' Sou mesmo triste:

ao preencher os papéis dos censos, reparei que vinham 3 individuais, e eu preenchi um para mim, outro para a minha mãe e o outro... para os cães... (porque, ao 3º, pensei para mim mesma "bem, quem vive mais nesta casa?" e lá estavam os cães, na sala ao pé do sofá onde eu estava, a fazer asneira, para variar).

qualquer coisa como "Marley + Maxi", "religião de cão", "não consegue tomar banho nem vestir-se sozinho", "tem dificuldades em expressar-se e entender os outros", " vive em união de facto, um com o outro", com muitos lol's pelo meio.

o pior?? enquanto fazia isto ria-me - sozinha, note-se, daí o ser triste - que nem uma perdida.

24 de março de 2011

' Tenho a sensação que fui despedida.

A modos que o meu boss hoje de manhã diz-me "este sistema não está a funcionar, a Cláudia tem a sua vida e nem sempre tem tempo para isto, eu compreendo, pela minha parte eu estou com uns problemas graves e preciso ausentar-me e não poderemos trabalhar juntos durante um tempo", bla bla bla bla bla.

Não me despediu directamente, mas pagou-me o mês de Março (inteiro) e disse que teríamos de "fechar este capítulo e passar para outro", "fazer uma pausa", e "vou pensar numa solução para a Cláudia continuar a colaborar connosco, mas deste modo não, e por isso dê-me tempo para pensar que depois digo-lhe".

Foi injusto. O homem trata-me impecavelmente bem e sim, eu compreendo o lado dele, e sei que ele compreende o meu, mas foi injusto. Porque eu não tenho feito quase mais nada da minha vida que não trabalhar. Não é um trabalho que tenha que estar lá obrigatoriamente e "picar o ponto", mas é um trabalho que exige atenção. Como ele diz, é "um part-time a tempo inteiro". Que exige que eu esteja sempre, 24/7 atenta ao email, para ver se algum cliente enviou pedido de informação. E a minha obrigação é responder o mais rápido possível. Ou seja, pode ser até a partir de casa e uma coisa rápida e fácil - que é - mas posso ter que responder a um email tanto às 15h da tarde como às 5h da manhã, e obviamente, eu ainda preciso de dormir e comer e outras coisas, não posso estar sempre agarrada ao computador. Eu dei o meu melhor. Quando fiquei quase um mês sem portátil, "obriguei" praticamente o Bruno a ficar em minha casa para utilizar o pc dele, para trabalho. Quando ele foi embora, fui para casa da Vera para poder ter internet e trabalhar. Já para não falar dos furos na faculdade, ia sempre para um pc também ver se tinha alguma coisa. Não tinha vida, para além de ir às aulas. De resto tentava estar sempre em casa e ir sempre ver o mail, muitas horas ficava eu à frente disto. Uma noite que fui sair, só respondi a um email 12 horas depois de o ter recebido. Levei uma bronca, mas uma bronca, nada de gritos, apenas insinuações como "como posso confiar na Cláudia, se só responde a um email 12 horas depois". E este fim-de-semana, que não estive cá nem tinha acesso à internet, ele diz-me "eu precisava da Cláudia, por acaso". Andava sempre exausta, sempre sem paciência e irritadiça. E os erros? os erros da parte dele, que se engava moooontes de vezes, e depois dizia que era eu!! Apetecia-me abaná-lo e dizer "porra, eu tenho vida também! eu dou o meu melhor e mostro 100% de disponibilidade! e o senhor sabia desde o início que eu tinha aulas e trabalhos e disse que não haveria problema nenhum, que queria mesmo um estudante e que podia ser em part-time". Quer dizer. Ele disse-me, desde o início "isto não é complicado e dá para a Cláudia conciliar com a sua vida, que também a tem, obviamente", sempre respeitador do meu tempo, dos meus estudos, de tudo, sempre muito compreensivel. E depois diz-me isto?

Foi injusto e senti que levei um murro no estômago, mas verdade seja dita, não pude ripostar, resmungar, defender-me, porque vendo bem as coisas, apesar de ele precisar de mim (que ele diz que precisa, que com a idade dele não está para estar o dia todo à frente do computador), eu preciso mais dele e sempre é ele que me paga. E ele disse que ia arranjar outra forma de eu colaborar, por isso nem tudo está perdido.

Eu ainda me propus a comprar um daqueles telemóveis todos xpto (não percebo nada dessas tecnologias) que dá para aceder à internet e responder aos emails onde quer que eu esteja e a que horas for, nem sei o que me passou pela cabeça porque uma coisa dessas é mais cara que o meu ordenado inteiro. Há que gastar dinheiro para fazer dinheiro, mas ele pareceu ter-me ignorado em relação a isso e continuou na lenga-lenga.

Custou-me. Porque eu faltei a muitas aulas que tinha de manhã ou aulas extra que ficavam no horário de trabalho, deixei de ir a muitos sítios, trabalhei fins-de-semana incluindo domingos, já para não falar das vezes que deixei o pc ligado a noite toda para ir vendo se recebia emails e responder, e ele diz-me que eu não tenho dedicação suficiente, por palavras mais dedicadas.

E o mal disto tudo foi não ter contrato de trabalho. Ele pode despachar-me assim sem mais nem menos só porque lhe apetece. Queria tanto uma coisa sem contrato, mas já sabia que havia este risco.
Foi um murro no estômago e esta semana está toda a correr mal.

Pronto, agora vivo na incerteza, na ambiguidade, e como eu DETESTO viver na incerteza, stressa-me viver na espera, que ele me diga algo positivo, algo como "arranjei uma forma da Cláudia colaborar", algo que me dê a certeza que, der por onde der e seja preciso o que for, eu receba aquele X, ou até menos, desde que dê para pôr algum de lado, por mês, nem que fosse o suficiente para eu não ter que estar sempre a pedir dinheiro à minha mãe para as coisas do dia-a-dia, detesto isso, detesto sentir-me dependente dessa forma.

É fodido quando nos habituamos a ter uns trocos ao fim do mês para coisas triviais, comida, transportes, fotocópias, e depois chapéu.

Shit. Odeio isto.

23 de março de 2011

' I carry a giant suitcase with me.



O Leonel era o típico aqui-me-queres-aqui-me-tens. Não fazia nada da vida e também não queria fazer. A vida dele era dormir até às 18h e ficar na rua até às 6h com os amigos a fumar ganzas. Quando ele estava acordado, eu estava a dormir. Eventualmente, ele acabou por arranjar um trabalho, os pais não aguentavam mais dar-lhe rios de dinheiro para a boa vida. Mas ele continuava na mesma. Se fosse preciso nem dormia, para ficar com os amigos a noite toda, e depois ia trabalhar. Mas isso não me incomodava nadinha. Eu acabei por me adaptar ao estilo de vida dele, todas as noites íamos sair, comecei a fumar, posso mesmo dizer que estive 1 ano e meio seguido mocada. Quando mudei de casa (porque éramos vizinhos, e deixei de poder estar com ele tanto tempo), comecei a ver o verdadeiro carácter dele. Comecei, simbolicamente falando, a ficar “sóbria”. Deixava-me pendurada para ir ter com os amigos. Preferia os amigos a mim. Não me ligava nenhuma. Um dia, eu acordei e disse “não quero isto para mim, não quero uma pessoa que prefira estar com os amigos do que estar comigo, de todas, todas, todas as vezes”. E acabei tudo.

Os seguintes foram one-night stands. Eu estava naquela fase em que só me queria divertir e aproveitar a vida, sem compromissos. O sexo com o primeiro era extremamente mau, eu nem sequer gostava – acho que só aguentava aquilo porque estava sempre high, e também não tinha base de comparação porque perdi a virgindade com ele – portanto tal não foi o meu espanto quando descobri que havia algo melhor que aquilo, sem compromisso, ainda por cima. Apanhei de tudo, todos os estilos, feitios, orientações sexuais ocultas (!), fantasias e fetiches. Não me apaixonei por uma única vez. Tive crush’s, especialmente ao início, porque não sabia ainda separar sexo, ou “amigos com benefícios”, de emoções e namoros e paixão, mas rápido percebi que se estava a ser usada, mais valia eu usá-los também.

Depois, conheci o Tiago. Pelo Tiago, apaixonei-me loucamente. O sexo era muito bom – do melhor que tive na minha vida toda – e a conexão de personalidade, ainda melhor. O Tiago tinha um curso, mas trabalhava num supermercado. Na altura não queria saber disso também, ainda não pensava em construir um futuro com ninguém. E o Tiago nunca me trocava pelos amigos, algo que eu disse que nunca mais queria passar por. Eu era o centro das atenções, era o tudo, e isso era o melhor para mim. Mas o Tiago não me aceitava pelo que eu era. Não aceitava a minha personalidade, achava demasiado “out of the box”, achava que eu o ia trair, que eu ia acabar com ele mais dia menos dia, por isso, mais valia acabar ele comigo primeiro, dava demasiada importância ao que as outras pessoas pensavam. Claro que para mim não eram, e ainda hoje não são, razões válidas para acabar com o que nós tínhamos, porque tínhamos uma história fantástica e muito bonita, tanto que até mesmo depois de acabarmos continuávamos a sair juntos e a estar juntos e a ter vida de namorados. Mas, assim, sem compromisso, sem ser oficial, sem os outros saberem, o Tiago já não tinha medo das represálias de “ser visto” com uma miúda maluca, longe de ser virgem e pura, com fotos provocadoras no hi5 e ideias loucas escritas num blog público. Eu sujeitava-me a isso, não sei porquê, um dia acordei e pensei “não quero uma pessoa que não me aceite pelo que eu sou”. E acabou tudo.

Continuei a divertir-me e a ter os meus amigos coloridos, sempre foi a minha forma de esquecer desgostos amorosos.

Depois, tive uma crush por um rapaz do meu antigo curso, não digo nomes, que há gente do meu antigo curso que lê isto. Foi uma coisa parva, começámos a namorar, namorámos 3 semanas. Foi engraçado que até me lembro que na noite em que começámos a “namorar”, foi uma noite em que eu tinha combinado ir jantar a casa do Bruno (meu actual namorado) e da irmã dele, através da irmã dele, obviamente, de quem era amiga na altura, e mandei sms à última da hora com uma desculpa parva a dizer que já não podia. O Bruno, mais tarde, contou-me que nessa noite teve péssima ideia de mim por causa disso, lol. Há coisas engraçadas. Adiante. Com esse rapaz, refiro-me a “namoro” entre aspas, porque foi uma coisa um bocado parva. Durante 3 semanas, se tivemos juntos 3 vezes foi muito. Só estávamos juntos quando estávamos com pessoal do curso. Não me vou referir a pormenores íntimos, que, como já disse, há gente que o conhece que lê isto. Vou saltar já para a parte em que eu vi que não fazia sentido nenhum, para além dos pormenores íntimos: para além da falta de interesse constante, ele estava sempre a dar-me barras, e uma noite, numa gala da faculdade, em que eu não tinha boleia para casa, ele tinha carro e saiu uma hora mais cedo do que eu para levar uma amiga dele a casa, e a mim deixou-me pendurada à espera que chegasse a hora de haver autocarros. Eu estava podre de bêbada – foi das poucas vezes que fiquei bêbada na vida, detesto beber na verdade – e na altura não liguei. Nessa noite, beijei com outro rapaz. Não considerei traição, sinceramente, porque foi um beijo, não foi uma curte, não foi nada mais, mas whatever, se foi traição, foi a primeira e única vez até hoje. No dia seguinte, acordei e pensei “não quero isto para mim, não quero uma pessoa que prefere levar uma amiga a casa em vez de a própria namorada, quando ele tem carro e ela não tem forma de ir para casa”. E acabámos tudo.

Esse rapaz com quem curti nessa noite acabou por ser a minha última amizade colorida, durante uns 2 meses, fantásticos, devo dizer.

Depois, veio o Bruno. O Bruno ainda cá está, há 1 ano e quase meio. Já nos conhecíamos há algum tempo e andávamos a picar-nos por sms e msn, mas a coisa só entrou em vias de facto na passagem de ano de 2009 para 2010. O Bruno é o melhor namorado que tive até agora, porque contraria todas as coisas que, acima, eu disse que “não queria para mim”: o sexo é óptimo, nunca me troca pelos amigos, adora estar comigo, nunca notei falta de interesse da parte dele, e aceita-me como sou. Além disso, não liga ao que os outros dizem – mesmo que lhe digam todo o tempo que eu sou uma vaca e o traio (not!). Enfim, pessoas que não me conhecem sequer. Mas o Bruno é, também, preguiçoso. Não tem sequer o 12º completo, não tem trabalho, e para arranjá-lo, é o ver se te vias. Não se esforça nada, não vejo nenhum empenho, parece que não quer mesmo saber. Isso, agora, pela primeira vez, sim, chateia-me. Porque cresci. Talvez chegue o dia em que eu acorde e pense “não quero isto para mim, não quero uma pessoa que não queira o mesmo que eu da vida, na mesma altura”. Será que esse dia vai chegar?

Eu espero que não porque, depois de ler esta estupidez pegada, que escrevi como se fosse um diagnóstico diferencial, chego à conclusão que, mesmo que o Bruno seja um preguiçoso-parasita da sociedade, é o melhor que encontrei até agora.

22 de março de 2011

' 22-03-2011: Triste, decepcionada e com a cabeça em água.

Triste e decepcionada por atitudes parvas.

Cabeça em água porque trabalhar, fazer natação e ter aulas tudo no mesmo dia, é dose para mim.

Preciso (mesmo) de dormir (mesmo) muito.

Quero apagar este dia da minha memória, também.

20 de março de 2011

' Saudades do que nunca tive.

Fui passar o fim-de-semana à santa terrinha.

That's a big deal for me.

Passo a explicar: eu sou uma pessoa (demasiado) citadina. Gosto (demais) da confusão, do barulho, do movimento. Não vou dizer que detesto, mas definitivamente não sou pessoa de campo. Aquela sensação de calma bucólica, do ócio, de estar rodeada por árvores, de não ver um único carro, chega a fazer-me uma confusão que me deixa irritadiça. Sim, houve alturas em que eu fiquei irritadiça porque estava (há menos de 24 horas) no campo. Não gosto, não sei porquê, nem para passar fins-de-semana. Para além do mais não estou habituada a famílias grandes. A bebés a chorar a toda a hora e a crianças naquela idade irritante sempre atrás de mim (o sobrinho do Alex, de 4 anos, adorou-me, não sei porquê, que além de não ser uma pessoa de campo não sou definitivamente uma pessoa de crianças, e andava sempre atrás de mim a absorver-me demasiada energia e às vezes, confesso, só me apetecia mandar um berro e dizer "pára quieto" mas não levanto a voz a filhos que não são meus! lol)... Aquilo é muita estranho, altares com a virgem maria a todas as esquinas, um cruxifixo em todas as paredes e um quadro da última ceia no quarto, eu sou anti-igreja, era um bocado creepy. E todas as pessoas ficavam a olhar para nós (eu e Vera) como se fôssemos ET's e cochichavam quando passávamos. Até mesmo as pessoas da nossa idade, um bocado limitadas (salvo algumas excepções), entediantes, demasiado normais (não gosto de pessoas normais, não no sentido literal da palavra, mas no sentido de serem pessoas que não oferecem nada de novo, mais do mesmo, enfim), bares e discotecas mesmo à santa terrinha, cheias de bimbos, é isso, bimbos é a palavra certa, enfim. Não conseguia, juro, não conseguia viver no campo.

Eu já sabia que ia ser assim, também eu tenho família espalhada por santas terrinhas (apesar de nunca lá ir), e não odiei de todo, apenas reforcei a minha opinião em relação a santas terrinhas. Mas fui à mesma, pela Vera e sobretudo pelo Alex que queria mesmo que eu fosse lá conhecer a família.

Quando estávamos a vir-nos embora, e todo o mundo desatou numa choradeira e eu não me senti minimamente triste por me vir embora, apercebi-me de que o meu problema não foi mesmo o campo em si. Que, pronto, 2 ou 3 dias rodeada de árvores até nem é assim tão mau. O meu problema é que eu não estou habituada a este ambiente familiar. Os pais, os avós, os tios, os cunhados, os primos, as crianças, a união. Todo o mundo a uma mesa a comer o dia todo (essa foi a melhor parte e eu devo ter engordado uns 3 quilos,lol), e depois o ir tomar café, o ir ver a feira, dar uma volta no meio de nenhures ver serras e montes de pedras. Não estou habituada, porque nunca tive. A minha família é a minha mãe, que mal vejo, e sempre assim o foi, que ela trabalha metade do dia, na cidade, e o meu pai que me controla à distância, e a minha avó. Isto tudo, entretanto, não se falam entre eles, ou porque estão chateados, ou porque são desligados que nem eu, não há almoços nem jantares de família nem crianças nem couves da horta nem ovos de galinha caseira, nem nada disso.

Para ser sincera, saí da minha zona de conforto e confesso que, em alguns momentos, me senti mesmo mal, desintegrada, com falta do que nunca tive, uma família unida, talvez por isso me tenha querido afastar, por saber disso, e saber que não compreendo esta união familiar, sobretudo famílias do campo.

Este post está altamente desorganizado, que eu hoje não estou lá com muita queda para escrever, mas, bottom line is: não gosto de santas terrinhas, saí da minha zona de conforto habitual, apercebi-me de que o motivo verdadeiro da minha melancolia foi o ter-me apercebido de que nunca tive aquilo, e por isso não conseguia compreender o motivo de alegria de, por exemplo, a Vera (que já compreende porque tem família grande e unida também), gostei pela companhia, pelo que fizemos, pelo nosso momento a três no centro geodésico, por termos gravado "CLÁUDIA ALEXANDRE VERA" no banco com uma chave e por todos esses momentos, mas, lá está, estou triste. Estou triste porque me apercebi de que sinto falta de algo que nunca tive, mas que deve ser bom.

Muaah @

18 de março de 2011

' O meu maior defeito?

Ser permissiva.

Deixo que façam o que quiserem de mim. Não sei dizer que não. Ou digo que sim a tudo. Não me chateio com nada. Nunca mostro quando algo me incomoda – a menos que chegue a um ponto insuportável, obviamente, mas enquanto eu aguento, eu vou deixando.

As pessoas acabam por achar que sou mole. Que podem fazer e dizer o que quiserem, eu não vou ficar amuada, nem chateada, e provavelmente vou esquecer o assunto, e da próxima vez está tudo bem de novo. E sim, é verdade, é isso que acontece. Eu sou permissiva porque poucas coisas me incomodam, e quando incomodam, deixo passar, não fico a matutar, e acabo por me esquecer.

O pior é quando as pessoas acham que eu sou sempre assim. Que eu vou esquecer sempre. Bom, ainda não cheguei ao estado zen em que nada me afecta (estou a caminhar para lá, sou o total oposto daquele tipo de pessoa que fica chateada por tudo e por nada, à minima coisinha, felizmente já aprendi a distinguir aquilo que realmente importa daquilo que não tem importância nenhuma). Mas chega um dia em que passam dos limites. Até mesmo dos meus, que são bem grandes. Abusam. E não sabem aceitar um não, ou um amuo da minha parte. É bem verdade: as pessoas já não sabem aceitar um não da minha parte, sem amuarem, ou questionarem, porem em causa, acharem que sou injusta, bla bla bla, resumindo e concluindo, não me respeitam.

A culpa? Exclusivamente minha. Sou demasiado “na boa” e habituo mal as pessoas.

Outra coisa: não gosto de discutir. Gosto de debater, ripostar, dar as minhas ideias, acabo por ser até condescendente e dizer "tá bem, fica lá com a bicicleta" quando vejo que "não adianta" convencer a outra pessoa de que eu tenho razão, mas evito sempre o confronto e o conflito. Prefiro, lá está, ser condescendente e acabar por dar a razão antes que os tons da voz se elevem, porque sou calma, detesto discutir, confrontar, maus ambientes, prefiro deixar as coias como estão. Não quer dizer que não tenha opinião ou personalidade (porque tenho), ou que não me saiba defender, mas prefiro sair em paz do que vitoriosa de um confronto. A Vera chama-me de "Suiça", sempre que ela e o Alex discutem e eu digo "não me vou meter nisso" (porque a Suiça não participou na II Guerra Mundial). Sei que é a brincar, mas a brincar se dizem as verdades, e isso é bem verdade, gosto de ficar na minha, não entrar em guerras que não são minhas. "whatever".

Sou, enfim, permissiva. Demasiado. Nevertheless, gosto de ser assim. Sei que há um meio termo e um dia hei-de chegar lá, mas, por enquanto, prefiro ser permissiva e pacífica a ser aquele tipo de pessoas que se impõe demasiado, cujo adjectivo agora não me lembro. lol.

17 de março de 2011

' Cresçam e apareçam, "masé".

No meu curso há imensa, mas imensa, gente que se queixa de que temos aulas em inglês, e que o material de estudo (artigos, livros, slides, etc.) são em inglês.

Really? Like, really? É só o que me ocorre dizer.

Quem vai para a faculdade sem saber um mínimo de inglês? Acho tão básico, aliás, acho até que hoje em dia, não saber uma língua para além da materna é ridículo e roça no novo analfabetismo do século 21.
Quem vai para um curso, como o meu – Psicologia – onde toda a investigação e prática são feitos nos EUA/Europa central, não em Portugal, e estar à espera de ter tudo em português?

God. Este semestre, de 6 cadeiras, 4 são dadas em inglês, o material, esse, sempre foi em inglês, desde o início. Há pessoas, no 2º ano da licenciatura, que ainda se queixam disso. Ainda, há 2 anos que as oiço a queixarem-se de mais do mesmo.

Opa! Cresçam e apareçam. Ainda não perceberam? Nada vai mudar por se queixarem e os professores alemães não vão com certeza aprender português por causa de 3 gatos-pingados que não querem pegar no “Inglês para totós” e começar a fazer pela vida. É que a situação já chegou ao ridículo de fazerem espécie de “petições” e irem queixar-se à coordenadora de curso e mais não sei quê bla bla bla, para terem aulas em português. O ano passado tivemos um semestre inteiro com um prof alemão a (tentar) falar português só por causa dessas pessoas. Sinceramente, não pesquei nada. O português dele era tão mau, mas tão mau, que até o inglês era mais fácil de compreender.

Nós é que temos que nos adaptar aos professores, ao contexto, às circunstâncias, à vida, não o contrário (salvo excepções, claro, mas neste caso, parece-me a mim que nós alunos é que temos de saber um mínimo de inglês).

16 de março de 2011

' A carta que escrevi à Piscina Municipal.

(Adenda: não aceitaram a minha proposta. Mas, bom, ao menos responderam rápido, já não é mau).

Lisboa, 16 de Março de 2011
Assunto: sugestão de melhoria de serviços

Excelentíssimos Senhores responsáveis pela Piscina Municipal ... (não convém colocar a localização em público, obviamente),

Venho por este meio apresentar-vos uma sugestão de melhoria das vossas condições e instalações.

Antes de mais, devo felicitá-los pela vossa piscina e demais instalações, horários, preços, etc., é tudo muito acessível.

Esta sugestão não pretende de forma nenhuma ser uma crítica, é apenas uma forma de melhorarem os serviços disponibilizados, de forma a que todos fiquem a ganhar (a gerência e os utilizadores). A minha proposta é que passem a alugar os cacifos dos balneários a tempo inteiro, isto é, que as pessoas possam deixar o seu material nos cacifos, mesmo quando não estão a utilizar as instalações. No meu caso particular, dar-me-ia imenso jeito, uma vez que trabalho e estudo todo o dia longe de casa e é complicado andar todo esse tempo, nomeadamente nos transportes públicos, com uma mochila/mala muitas vezes pesada. Mas penso que, em geral, todos os utilizadores ficariam satisfeitos com esta medida. A gerência ficaria a ganhar na medida em que, sem prejuízos, iria gerar algum lucro com o montante pago para o aluguer de um cacifo por pessoa (para quem quisesse, claro), por mês. Claro que não iria haver qualquer responsabilidade da vossa parte em garantir a segurança dos bens, isso ficaria a cargo de cada utente, que utilizaria um cadeado para trancar o seu cacifo. De qualquer forma, tratando-se de objectos sem grande valor (toalhas, toucas, champôs/gel de banho, etc.), penso que não haveria qualquer problema em relação a isso.

Espero que leiam a minha proposta e que a levem em consideração.

Sem mais de momento e muito grata,
Cláudia Silva

Agora, bem posso esperar sentadinha, né?... Infelizmente, em Portugal é assim. E o tempo que estas coisas demoram é tanto, normalmente, que quando a minha carta de condução definitiva chegou 2 semanas depois de eu a ter pedido, até fiquei parva de espanto, já estava preparada para esperar meses.

Pois tem. 1 ANO & 2 MESES.

15 de março de 2011

' WOW.

A geração à rasca queixa-se muito e vai a protestos, mas 73% da geração à rasca utiliza o carro para compras, trabalho e lazer. (vi nas notícias da manhã, hoje, a falar de um estudo que, "apesar da crise, os portugueses são os que mais fazem uso do automóvel, nomeadamente a classe jovem"). Wow. Somos ridículos. Incluindo-me já a mim, ainda que injustamente, que perco todos os dias tempo na ordem das 3 horas em transportes públicos.

Eu, protestar?

Eu protesto assim:

14 de março de 2011

' O que é que aconteceu às Pussycat Dolls...

Confesso, nunca gostei muito delas. Músicas como "dont'cha" é daquele tipo de música que me entra no ouvido, mas que não me convence muito.

Por isso, não gostava nada delas. Eram demasiado sluts para mim.

No outro dia, vi um documentário sobre as Pussycat Dolls originais, fundadas pela Robin Antin. Não tinham absolutamente nada a ver com o que é hoje. Não fazia ideia!! Afinal, elas eram um pequeno, local (e desconhecido) grupo de burlesque. Não cantavam pimba americano, simplesmente faziam actuações burlesque e contaram com a participação de estrelas como a Carmen Electra, a Christina Aguilera... :D

e elas passaram disto - um grupo burlesque, de dançarinas vestidas à pin-up e cantoras convidadas que actuavam numa espécie de cabaret  (The Viper Room)


a isto - um grupo pop, suupeeeer pop, way toooo much pop, comum e vulgar



ou seja, my point is: onde estão as meias de liga? onde estão os corpetes? onde está o pin-up?  onde estão as meninas com dois totós no cabelo, tipo menina-inocente-mas-marota (tão típico de pin-up)? onde está o burlesque? onde está aquela sensualidade inerente, que falava por si só, que não era preciso dizer explicitamente "não gostavas que a tua namorada fosse tão sexy como eu?" ???
depois a fundadora, Robin Antin, sempre com aquela visão do burlesque, criou uma linha de roupa pin-up, etc... mas o que importa aqui reter é que a Robin vendeu o grupo de bailarinas que ela tinha, transformou numa coisa completamente diferente, em troca de fama e dinheiro (muito dinheiro, claro). nem o grupo original ela manteve, depois entrou aquela Nicole não sei das quantas e pronto... vulgaridade por todos os lados.

acho que, por vezes, é preferível manter-se "pequeno" e no anonimato, como elas eram originalmente, mas ser uma coisa BOA e manter-se fiel à ideia original, do que se tornar super conhecido e famoso, mas não ser minimamente fiel à ideia original.

para mim, foi uma péssima mudança. não gosto delas. mas se continuassem a ser um grupo burlesque, ia adoraaaar.

Muaah @

13 de março de 2011

' Os meus pontos fracos.

Tenho dois grandes pontos fracos: os números e o desporto.

Desde os 6 anos de idade que oiço "és burra", "és estúpida", dos professores ou até do meu pai a gritar comigo quando perdia a paciência porque eu, já no 6º ano, não percebia nada de fracções, não conseguia compreender a noção de que 1/5 é uma parte de um todo dividido em 5, não compreendia, simplesmente, e ele explicava-me 345 vezes e eu continuava a não compreender, ou como descobrir um X numa equação, ou até a coisa mais simples, conferir se um troco estava correcto, fazer a conta de cabeça antes mesmo de me entregarem o troco. o meu pai esforçava-se e fazia por bem, ele sempre foi o melhor em números, QI altíssimo, super inteligente, queria que eu fosse como ele, ou melhor, queria que eu compreendesse as coisas que era suposto eu compreender para a idade que tinha, nós ficávamos horas e horas e horas, um dia inteiro, a estudar matemática básica e simples, era extremamente irritante para o meu pai, que tem um curso de engenharia, ficar a explicar-me esse tipo de coisas durante horas a fio, e é normal que ele perdesse a paciência, mas magoava-me, claro, e depois do primeiro "estupida!" eu já não conseguia concentrar-me mais, só chorava, chorava, e ele a dizer "pára de chorar e concentra-te" e eu chorava e chorava. como é possível esquecer isso? obviamente, a matemática tornou-se num trauma para mim. era extremamente frustrante para mim tentar perceber uma coisa que não conseguia, a chamarem-me de estúpida e a chorar. nunca mais tentei...

Desde os 6 anos de idade que oiço "és gorda", "és preguiçosa", "não sabes jogar", os meus colegas a mandarem-me com bolas de futebol, os professores nunca faziam nada, eu sempre fui péssima em desporto e era uma criança gorda, e ainda contribuiam para isso, em vez de me apoiarem, mandavam-me ainda mais abaixo.

Hoje, com 20 anos, e apesar de já ter crescido em muitos sentidos, e da minha auto-estima estar num lugar muito diferente do que estava nessa altura, essas palavras ficaram. eu mentalizo-me, automaticamente, de que sou preguiçosa e gorda e burra, logo desde o início, acho que não vou conseguir fazer nada. todas as disciplinas e cadeiras que tive com números, a partir dessa altura, foram um desastre. eu podia até entender, mas nunca me esforcei muito, porque lá no fundo, bem no fundo, havia uma cláudia que dizia "não vale a pena, não vais conseguir, não vais passar, não percebes nada disto". talvez seja por isso que já deixei uma Estatística para trás e vou a caminho da segunda. agora tenho andado a tentar recuperar a primeira (Estatística e Análise de Dados I), mas é uma luta mental sempre que tenho de ir a uma aula (e convenhamos que o horário não ajuda nada). É uma luta mental e custa, muito.

Por isso digo que ter-me inscrito na natação foi uma vitória para mim. porque durante anos basicamente rezei para que o 12º acabasse e eu nunca mais tivesse que fazer educação física na vida, eu jurei que nunca mais ía fazer exercício na vida, decisão tomada de cabeça quente, sem pensar nas consequências, claro. não pelo exercício em si, que esse não tem nada de mal, mas porque desde a primeira aula da minha vida que associei exercício a coisas más, a gozarem-me, a humilhação, a sair de lá derrotada, ao oposto de me apoiarem em algo que eu odeio de natureza. sempre me diziam que era "normal" e que "os miúdos são maus", mas aquelas aulas custavam-me horrores, muitas vezes ia para a casa-de-banho chorar e à maioria das aulas faltava dizendo que me tinha esquecido do equipamento.

Ainda hoje oiço "não vais aguentar nem 3 semanas na natação, aposto", tudo bem que não dizem por mal, que dizem a brincar, afinal ouvi isso de pessoas que não conhecem o meu background, mas sinceramente, isso puxou de mim a cláudia que já está farta de ser humilhada e que a deitem abaixo, e por momentos apeteceu-me desistir, ceder ao meu auto-conceito de cláudia-que-nunca-vai-conseguir-fazer-desporto-porque-a-mata-psicologicamente, mas estou a tentar que isso não aconteça, a pensar de cada vez que vou à natação "não és a cláudia que um dia disse que nunca mais havia de fazer desporto, és a cláudia nova que vai continuar".

já tenho idade para ser crescidinha e não limitar a minha vida por criancices do passado. mas nunca posso deixar de me lembrar de certas coisas que me aconteceram, há 14 anos atrás, e que ainda hoje me afectam, e lembro-me delas, infelizmente, sempre que me confronto com algo que está fora da minha zona de conforto. para mim, de todas as vezes que ganho, mentalmente, à cláudia antiga, é uma autêntica vitória, neste caso, de cada vez que saio de uma aula de natação ou de estatística e fico a pensar que desta vez sim, dei o meu melhor, e não pensei por uma fracção de segundo que não ia conseguir. agora, eu acredito em mim. e isso é o mais importante.

daqui a um mês, e já estou a dar uma semana de folga, veremos se "aposto que nem vais aguentar 3 semanas de natação", veremos! esta semana fui lá todos os dias.

12 de março de 2011

' Sou uma péssima pessoa.

Não aderi ao protesto geração à rasca. na realidade, nunca aderi a nada disso. nunca fui a uma manifestação, a um protesto, a um ajuntamento. vejo o noticiário das 20h para ver as catástrofes, pouca atenção dou à política, não leio jornais, sou alheada do mundo,

Dormi até tarde, fui trabalhar, estive lá pouco tempo, podia perfeitamente ter ido até ao Rossio. mas não fui. vim a casa, sentei-me no sofá a comer bolachas de água e sal com doce de morango e a ver o protesto geração à rasca pelo noticiário. depois, mais tarde, podia ter ido à mesma, mas não, fui dar uma volta pelo CCB com a Vera. tenho que curtir o facto de pela primeira vez, nesta semana, não estar doente. (lol).

Respeito imenso os protestos e manifestações, digo desde já. Mas também acho que não vai resolver grande coisa. Acham mesmo? esse protesto, tal como aquela manifestação geral do dia 24 de Novembro de 2010, para mim, só serve para as pessoas, no seu interior, poderem dizer a si mesmas "eu fui ao protesto, eu fiz alguma coisa para mudar, por isso não me sinto tão mal por me queixar apenas". isso é tão bonitinho na teoria, é sim senhora. mas, vá lá, vamos aos termos práticos: vai mudar alguma coisa? acham que o Sócrates vai comover-se ao olhar para as pessoas a dizerem que "isto não pode ser assim, o leite está muito caro"? a sério? eu já vejo a lagriminha no canto do olho do senhor.

Enfim, mais uma vez digo, respeito imenso. Mas não adiro. Se um dia me disserem: "vamos invadir o parlamento à força", aí eu vou, adoro moches e violência colectiva e coisas assim (just kidding). agora, andar pelo Rossio, das 15h às tantas, e no dia seguinte estar tudo igual, e no dia a seguir, e no dia a seguir?

Podem chamar-me de conformada, descrente, whatever. É o que sou mesmo. sobretudo, uma descrente. não acredito que as coisas vão mudar muito por aqui, mas em vez de me queixar porque me cortaram a bolsa e os benefícios, o que é que eu fiz? fui trabalhar. e não descansei enquanto não encontrei alguma coisa, não fiquei em casa a queixar-me, coitadinha de mim, da minha vida, o meu país é uma merda. ao contrário de algumas pessoas que nem sequer se preocupam em arranjar trabalho, queixam-se que nunca podem fazer nada porque não têm dinheiro mas não as vejo a fazer nada por isso. o problema é que há muita gente que se queixa, mas continua a ter uma vida de regalias. vejo tantos colegas meus a queixarem-se que as propinas estão muito caras, mas todos os dias almoçam na faculdade, e não vão à cantina, claro que não, é logo um menu do bar do tó, só qualquer coisa como 4 euros por dia. vão sair todos os fins-de-semana, têm uma vida social altamente activa, aposto que só nisso devem ir uns 100 euros por mês, no mínimo. e isso sim, verdadeiramente, revolta-me. porque eu não fui ao protesto geração rasca, mas eu poupo todos os euros que ganho com o meu trabalho. ok, tudo bem, a semana passada tive um rasgo e gastei imenso dinheiro em roupa. mas, e das outras vezes? das outras vezes que nunca gasto dinheiro comigo mesma, para me mimar? os dias que eu não almoço, que levo um leitinho com chocolate para a faculdade, os jantares de curso (e outros) a que eu não vou porque são logo aos 15euros, mais discoteca 10 euros, já vai nos 25, sem contar que depois seria preciso táxi para casa, os convites para fins-de-semana passados fora que eu recuso? god, na verdade há até pessoas que me chegam a dizer "eu convido-te para as coisas, mas tu dizes sempre que não porque não tens dinheiro". e as vezes que eu passo em lojas e penso "oh, queria tanto este vestido", "oh queria tanto estes sapatos", ou num cabeleireiro e penso "oh, preciso tanto cortar o cabelo, está enorme, mas aqui são 30 euros"? E o que eu me esforço para, num curso com uma taxa de desemprego enorme, conseguir alguma coisinha na minha área (e já estou a pensar seriamente, mesmo seriamente, em sair de Portugal quando acabar a licenciatura)? E muitos dos meus colegas que se queixam que estão a pagar uma enormidade de propinas (que não aumentaram assim tanto, só 20 euros em 3 anos), mas que não ligam nenhuma, faltam as aulas, não fazem os trabalhos, ficam no bar a mamar imperiais? Aposto que algumas delas estão no Rossio. com que moral? C'mon.

Eu não fui ao protesto geração à rasca. Pronto, sou uma péssima pessoa.

11 de março de 2011

Ando com um apetite demasiado aguçado.

e claro que não estou a falar de apetite de comida...c'mon, look at the image!

9 de março de 2011

' Não é só no fast-food

que os americanos têm pressa.



eles têm pressa em tudo e para tudo. têm de apanhar o primeiro yellow taxi mesmo que tenham que correr pela avenida abaixo, é preferível do que ficar à espera que passe o próximo, no passeio. tudo tem que ser rápido, estão sempre com pressa (tudo bem que isso é um "mal" dos dias de hoje, mas na América é um abuso, non?). queixam-se do stress? como queriam não ter stress com esse aceleramento todo? se estão sempre com pressa, desde não terem 10 minutos para tomarem o pequeno-almoço antes de sair de casa, até à hora que vão dormir.

os americanos - e tendo que cair no erro de fazer uma generalização - vivem à base do fast, do superficial e do despositável, descartável. preferem comer um hamburger do mcdonalds a correr (fast-food, por alguma razão lhe deram esse nome) do que demorarem-se num almoço delicioso e completo, saborearem um bom vinho, com a companhia certa, um almoço de 2 ou 3 horas se for preciso. preferem andar na rua apressados a beber um capuccino num copo de plástico do starbucks, do que sentarem-se calmamente a saborear o capuccino - que ainda por cima é delicioso - a ler o jornal de manhã, e depois, para alguns, e os fumadores entendem-me como isto sabe bem, fumar um cigarro.

é só ver a programação da MTV. "parental control" é um bom exemplo; têm namorado/a, mas rapidamente os trocam, se os "dates" que os pais escolherem forem melhor ou tiverem sido boa companhia durante uma tarde. não entendem que as relações humanas demoram tempo a construir, e que as pessoas não são descartáveis dessa forma.

e o The Biggest Loser? alguma vez perder 5 quilos numa semana é saudável? obviously not. mas eles perdem, muitos deles, em 4 meses, 60 e 70 quilos. para quê? aliás, porquê? porque querem que seja rápido. preferem perder tudo de "uma só vez" e voltarem a engordar mais tarde, porque não foi uma perda de peso saudável e é mais do que certo que isso aconteça, do que demorar um ano ou dois anos a perderem-no de forma segura. "I just lost 30 pounds in 2 weeks? how could I not be happy?" - é o que mais se ouve no programa. really??

por isso são dos povos mais doentes do mundo. porque não vivem a vida, passam por ela...a correr, de preferência!

really?? eu sei que repito muito a palavra "really", mas é porque não acredito mesmo como há pessoas que conseguem viver assim. não conseguia viver na América. pode ser um "sonho", toda a história do "american dream", mas eu gosto de viver com calma. na América é tudo fast fast fast, não importa que fique bem feito, importa unicamente que seja rápido.

deviam - e nós, ocidentais em geral, mas americanos em particular - aprender com os povos da China, por exemplo. mais do que comida saudável ou um estilo de vida bastante mais saudável, viver a vida... com calma. temos o resto da vida para viver (mesmo que ela acabe na próxima hora), temos pressa para chegar onde afinal?

já diz a minha avó e sabe ela bem: "depressa e bem, não há quem".

Muaah @

8 de março de 2011

' Aborto (part II).

Já toda a gente sabe que sou contra a ideia do aborto, mas sempre todo o mundo me "aponta" o dedo por isso... que sou moralista (not, é o que sou menos), que é porque nunca passei pela experiência, que bla bla bla...

eu só digo... não aponto o dedo a quem o faz, fez ou faria (apesar de deixar bem claro, que não concordo), eu apenas digo: eu nunca faria.


Unsure of what the balance held
I touched my belly overwhelmed
By what I had been chosen to perform
But then an angel came one day
Told me to kneel down and pray
For unto me a man child would be born
Woe this crazy circumstance
I knew his life deserved a chance
But everybody told me to be smart
Look at your career they said,
"Lauryn, baby use your head"
But instead I chose to use my heart

Now the joy of my world is in Zion
Now the joy of my world is in Zion

How beautiful if nothing more
Than to wait at Zion's door
I've never been in love like this before
Now let me pray to keep you from
The perils that will surely come
See life for you my prince has just begun
And I thank you for choosing me
To come through unto life to be
A beautiful reflection of his grace
See I know that a gift so great
Is only one God could create
And I'm reminded every time I see your face

That the joy of my world is in Zion
Now the joy of my world is in Zion
Now the joy of my world is in Zion
Now the joy of my world is in Zion

Marching, marching, marching to Zion
Marching, marching
Marching, marching, marching to Zion
Beautiful, beautiful Zion
(repeat to end of song)

"Tem cuidado com a tua carreira", "sê esperta" "Usa a tua cabeça"...mas ela resolveu "usar o coração".

LINDO.

é que, já disse e repito, para mim não há razão quase nenhuma para abortar... o argumento mais estúpido que já ouvi foi que "se a criança não vai ter condições, mais vale não viver"... é um argumento tão estúpido e cruel que nem valia a pena comentar... mas vou só dizer uma coisinha: muitas das pessoas mais bem-sucedidas no mundo de hoje nasceram e crescerem em ambientes que, à partida, consideraríamos como "não propício para crianças". e depois, se viver num bairro social? e se crescer pobre? e se nascer deficiente? tem menos direitos que as outras crianças??

toda a criança tem o direito de viver, mesmo que ao início não seja considerado um ser humano e que seja do tamanho da ponta de uma agulha. já todos fomos do tamanho da ponta de uma agulha.

dizem-me que iria "estragar a minha vida"... iria? será? ia ter de adiar o meu curso, os meus planos, mas a qualquer altura da vida poderia retomá-los... não iria propriamente estragar a minha vida... ter um filho nunca pode ser estragar uma vida, mesmo que seja quando não esperado e não planeado... e nada, mas mesmo nada, nenhuns planos que eu tenha ou alguma vez irei ter, nem mesmo o meu egocentrismo e individualismo iriam ser maiores do que ter um filho. um FILHO! e o amor que se tem por um filho, que é "só" o maior que se pode ter.

A Vera mostrou-me isto e disse "agora compreendo o que quiseste dizer"... agora, sim, alguém compreende o que eu quero dizer com a minha opinião (algo fundamentalista) em relação ao aborto.

6 de março de 2011

' Eu e as listas, as listas e eu.



"OK, eu confesso. Sou uma fazedora de listas compulsiva. E não faço apenas listas das coisas que vou fazer. Faço das coisas que já fiz. Faço listas dos livros que li, dos filmes que vi, das mercearias que preciso, dos recados quotidianos,dos objectivos de vida e dos sonhos a alcançar, das estratégias financeiras, dos telefonemas que preciso fazer, dos projectos de trabalho e até mesmo listas de viagens que gostava de fazer e sítios a visitar." (in Selecções Reader's Digest, edição Janeiro/2011).

Nunca li nada que me caracterizasse tão bem.

Eu sou a rainha das listas: tenho listas de TUDO, e tenho listas a lembrar-me que tenho listas, algo como escrito numa lista "fazer compras: o que está na lista".

Tenho um código de cores muito específico e rigorosamente cumprido, e tenho um sistema de classificação: as setas, os hífens e os pontos; os pontos maiores e os pontos mais pequenos. Setas e subsetas, hífens e subhífens, pontos e subpontos, e subpontos de subpontos.

Quem olha para as minhas listas, acha confuso, mas eu tenho já uma estrutura mental tal que só de olhar para as cores e para a posição do item, sem precisar de ler, sei o que é, a que domínimo pertence (social, familiar, de saúde, escolar, profissional...), e qual a prioridade da coisa. É uma espécie de base de dados, com um motor de busca, mental. Todos os dias faço listas diárias (os tais subpontinhos mais pequenos, que são subpontos de pontos, por sua vez pontos de hífens, hífens de setas, numa hierarquia bem definida, gosto de decompor e esmiuçar tudo o que tenho que fazer em passos muito pequenos, exequíveis todos os dias), todas as semanas semanais, todos os meses mensais, até anuais eu tenho listas, e, por fim, para a vida inteira.

O melhor de tudo isto é chegar ao fim do dia e colocar um "checked" nos pontos para esse dia, chegar ao fim da semana e saber o que fiz e o que deixei inacabado, e no fim do mês verificar se fiz tudo aquilo a que me propus nesse mês.

Como sou extremamente organizada e obstinada e motivada, acabo por constatar que sim, que fiz tudo.

Graças às listas.

Que a memória, essa, a minha não é das melhores. Mas, nas listas, sou a maior. Já tinha reiterado esse ponto?

Muaah @

5 de março de 2011

' Hoje.

Acordei cheia de dores no corpo (falta de hábito de fazer exercício), fui a um casting para a La Redoute, um casting plus-size, para variar olharam para mim com ar de quem pensa "mas tu não és gordinha", já estou tão habituada que nem me faz confusão, não fiquei entre as 12 finalistas, talvez por não ser "gordinha", até me perguntaram o nº de calças e ficaram com cara de "o que fazes aqui" quando eu disse "40, às vezes 42", não fiquei muito chateada porque sinceramente inscrevi-me à toa", "a ver no que dá", nem sequer pensei em ficar nas 30 semi-finalistas de todas as inscrições, mesmo assim fiquei "naquela", no casting eles pareceram gostar de mim, soube desfilar, soube pousar, disseram "muito bem", gostaram de mim, riram-se, falei do Mulher XL, conheci pessoas interessantes, de qualquer forma o tempo que fiquei a matutar no assunto foi o tempo do metro do Campo Pequeno até ao Rossio, fui fazer um check-in a uns franceses (trabalho), dei-me conta do quão mau e pobre o meu francês é (lá me desenrasquei, "ici c'est une canapé-lit, ici c'est une double chambre, il y a une supermarché dans le centre de la ville", muito mal dito, claro), mas dei-me ainda mais conta de como os franceses são egocêntricos ao ponto de não saberem falar uma palavra de inglês, nem um "hello" eles percebiam, vêm para Portugal e estão à espera que eu saiba falar francês, almocei um arroz de marisco pago pelo meu boss (eu não queria, já estava a sacar da carteira mas ele não deixou), andei a fazer limpezas num dos apartamentos dele que tinha estado em obras, aliás, tinha estado não, estava, por isso pode-se imaginar que fazer limpezas e obras ao mesmo tempo nunca resulta, limpa-se e 5 minutos depois já está cheio de pó, e a proporção era de 10 homens das obras a olhar constantemente para as minhas pernas (com collants) para 3 mulheres a limpar, não deu em quase nada, ficava tudo sujo à mesma, era eu a tentar esconder-me para evitar a sensação de ser despida com os olhos e eles a fazer mal as obras por não olharem para o que estavam a fazer, tanto que em 5 horas que lá estive aquilo ficou quase na mesma, quando disse que tinha de vir embora, disseram-me que tinham andado a pintar as escadas com verniz e que estava fresco e ainda tinha que esperar, lá fiquei eu mais uma hora a limpar, lavar, arrastar, pendurar, arrumar, quando finalmente pude sair dei aquilo a que se pode chamar de um valente trambolhão nas escadas, por causa do verniz, que afinal ainda não estava seco, o meu rabo bateu 7 vezes em 7 degraus e das 7 vezes eu tentei amparar a queda com as mãos, mas sem sucesso, elas escorregavam, aquilo não parecia verniz, parecia sonasol, lá desci eu com muita dificuldade quase do Intendente ao Martim Moniz, de noite, zona da Baixa de Lisboa muito manhosa e um bocado assustadora, chego a casa está a chover a potes, aqueles 3 minutos da paragem do autocarro a minha casa a subir, chegaram para ficar ensopada, agora é assim, estou toda partida, dói-me a nádega direita (amanhã posso contar com uma nódoa negra "daquelas) e o cóxis, tenho 20 anos, é sábado à noite e devia era estar na night, onde é que isto já se viu, estar em casa, mas pronto, hoje não dá para mais, tanto física como psicologicamente, é quase impossível estudar, trabalhar, dormir e ter vida social ao mesmo tempo, portanto, hoje, a coisa resumiu-se a isto: levei porrada. de um lance de escadas. amanhã é um novo dia. e vai ser, com certeza, melhor. :)

4 de março de 2011

' Se eu não tratar de mim, quem tratará?

Os benefícios da natação são bem conhecidos, e por isso decidi inscrever-me numa piscina municipal a 5 minutos a pé da minha casa e começar a fazer algum exercício físico regularmente.



Não por uma questão de peso - que o meu peso é adequado para a minha altura, o IMC está "ideal" - nem por uma questão de imagem - que eu sou uma cabra convencida que se adora a si mesma e ama o que vê no espelho (lol). Apenas por uma questão de saúde (por isso nem sequer vou começar a fazer dietas, pelo contrário, vou até começar a comer mais, porque parecendo que não, eu como pouco e salto montes de refeições, outra coisa que também não é nada saudável para mim).

Eu tenho (ou tinha) uma vida completamente sedentária. Fico doente só de pensar que tenho de descer e subir escadas para ir do meu quarto à cozinha. Fico ofegante depois de andar apenas e só 3 minutos a pé da paragem do autocarro a minha casa (em minha defesa, esses 3 minutos são sempre a subir e eu, não sei porquê, tenho a mania de ir a correr tipo sprint no início, quando chega a 1/3 do caminho já estou morta). Sinto-me, frequentemente, com falta de energia, e isso pode ser da alimentação pobre e esporádica, e do pouco sono que tenho tido, mas é principalmente devido a falta de exercício.

Além disso, ultimamente ando hipocondríaca, tenho medo que me aconteça algo à saúde ou até que morra - o meu coração bate tão devagar e tenho sempre a tensão tão baixa, tenho medo que o meu coração seja fraco e um dia pare sem mais nem menos. Isto é de loucos, eu sei, mas pronto. Tenho medo! Há quem diga que tenho "coração de atleta", a frequência é mesmo baixinha, mesmo quando corro o meu coração parece que tem preguiça de trabalhar, sai a mim, mas pronto, tenho medo, porque se há coisa que não sou é atleta, porque haveria de ter coração de atleta??

Por isso, resolvi mudar o meu estilo de vida. Devo dizer que ainda estou em fase de preparação mental. Eu detesto exercício, desporto, qualquer que seja, tanto que já há 1 mês que digo a mim mesma que tenho de começar a fazer alguma coisa mas só hoje fiz mesmo.

A escolha da natação é simples: é o desporto ideal para mim. Detesto suar, detesto mesmo. Na natação não há esse problema. Além disso, com a sensação de que o meu corpo está mais leve, não sinto o esforço. Hoje, depois de 1 hora a nadar (com intervalos, obviamente), quando saí da piscina senti que tinha levado uma tareia "daquelas" (e de certeza que amanhã vou acordar com os músculos doridos, acontece sempre que faço exercício, pela falta de hábito), no entanto, enquanto estive lá dentro, não senti nada, ou seja, fiz o esforço e o exercício à mesma, mas sem me cansar, o que me permite exercitar mais por mais tempo. Além disso, limpa os pulmões, ponto que me interessa particularmente a mim, fumadora - sim, eu sei, tenho que deixar de fumar, e vou deixar de fumar, mas Roma não se construiu num dia, por isso vamos lá devagar, que esta decisão de começar a fazer exercício já foi um grande avanço para mim, quem me conhece sabe disso, o deixar de fumar fica para depois, começando por reduzir a dose. Para finalizar, quando saio sinto-me super bem, relaxada, parece que acabei de sair do spa, mas ao mesmo tempo com energia, mas este ponto eu já sabia, que tive natação durante muitos anos, igualmente há muitos anos. Devo dizer que, na altura, detestava aquilo, por diversas razões, uma delas, para além de já ter nascido a odiar desporto, a baixa-autoestima que tinha, detestava ter que estar de fato-de-banho em frente aos meus colegas. Mas agora cresci, e cresci em muitos aspectos, esse foi um dos principais: já estou à-vontade com o meu corpo e até ando nua nos balneários sem qualquer problema. Se dantes me sentia uma baleia na piscina (e até era muito mais magra do que sou agora, era mesmo tudo psicológico), hoje sinto-me a rainha da piscina, sinto-me mesmo bem, acho que até fico fantástica de fato-de-banho. LOL, lá estou eu a ser convencida outra vez.

Natação é o desporto ideal para mim e, apesar de ainda me estar a habituar à coisa em termos mentais - sim, que eu sou uma preguiçosa nata! - tenho de começar a pensar em tratar da minha saúde. Não é normal eu ficar OFEGANTE só de subir uma rua inclinada durante 3 minutos, com 20 anos de idade. Quando chegar aos 30 estou arrebentada, não? Se eu não tratar da minha saúde agora, quando vou tratar?

Atenção que sou saudável, em termos de peso e dos valores principais (colesterol mau zero, tensão ligeiramente baixa, mas a mandar para o normal, etc etc), mas se continuar assim posso deixar de ser.

Estou a trabalhar, estou a estudar, tenho uma auto-estima fantástica, estou a construir o meu futuro, tenho tantos planos e tantos sonhos, a minha vida está "nos eixos", mas não posso usufruir dela se a minha saúde não estiver bem. Por isso, resolvi intervir já desde "cedo", não esperar por consequências mais graves.

Por agora, exercício regular, quando tiver tempo livre e estiver em casa a anhar, e sair de casa para ir à piscina que fica ao lado em vez de ficar deitada no sofá a ver tv. Ao longo do tempo, mudar a alimentação, aprender a cozinhar, e deixar de detestar cozinhar. A longo prazo, reduzir e deixar de fumar (ou só fumar em ocasiões sociais). Muito importante também, começar a dormir mais, deixar o trabalho no trabalho, se tenho que me levantar cedo, então vou-me deitar cedo e dormir o meu sono de beleza que tanto preciso. Quem me apoia? eheh.

Muaah @

Desconfio que esta minha motivação tenha vindo de andar a ver demasiado The Biggest Loser.

3 de março de 2011

' A consumista que há em mim ou Como gastar metade do ordenado em 2 horas.

Hoje gastei 200 euros em roupa e acessórios.





Eu não posso ter dinheiro nem tempo livre nem estar perto de um centro comercial, é uma má combinação, dá mau resultado. E logo hoje, porquê hoje? Hoje tive 3 horas livres, que foi milagre – coisa raríssima nos dias que correm – e pronto.

Fui com aquele pensamento de comprar “coisas que preciso” – como leggins, ou calças, ou uma mala, tudo coisas que as que eu tenho já estão velhas, ou uma mochila para o portátil (que a minha desapareceu por milagre cá de casa) etc etc, coisas pequenas e úteis – e acabo por comprar coisas que não preciso, mas quero. Quero muito! Lá no fundo, no fundo, e apesar de me considerar inteligente, culta e curiosa, tenho o meu quê de superficialidade, futilidade, vaidade, e sou uma consumista nata!

Sou capaz de ficar meses sem comprar coisas para mim. Não passo nem perto de lojas quando não tenho dinheiro para gastar. Chego a um ponto tal, ao ponto que estava agora: as minhas malas todas com as alsas partidas (andava com uma emprestada!!), as calças e as leggins rasgadas na parte interior das coxas, e sempre a mesma sensação de “o que é que eu vou vestir?” de manhã, não por ter pouca roupa, mas por estar farta de usar as mesmas coisas, do mesmo estillo. E sim, também tenho pouca roupa de inverno. Olho sempre para os vestidos e penso “hoje estava capaz de vestir isto”, mas é tudo roupa de verão.

Hoje ia, precisamente, comprar mais do mesmo. Mais do que uso, mas novo, que estou farta de usar collants por baixo das calças para não se reparar muito que estão rotas em determinados locais. Hoje reinventei-me. Só comprei umas calças de ganga - aquela peça de roupa que se pega e se veste quando não se tem tempo para pensar em ter estilo, e que dá bem com tudo e está a andar - o resto foi tudo peças que mostram as minhas pernas (mesmo que com collants), que eu adoro as minhas pernas, são o ponto forte do meu corpo.

Saí de lá com menos de metade do meu primeiro ordenado, e com um sentimento de culpa horrível. Recebo no dia 28 e no dia 3 já tenho só metade?

Mas depois pensei: eu mereço. E eu já estava a merecer, sinceramente. Porque sou eu que me levanto todos os dias às 7h para ir trabalhar às 9h, e que nunca almoço porque saio de lá às 12h e entro nas aulas às 13h, e essa hora é a hora do caminho, não tenho tempo para comer a essa hora. Sou eu que chego às 18h de cada dia e já estou moída, tão cedo e já estou moída, já não tenho cabeça para nada, muito menos para ainda ir ao email ver se tenho algum trabalho, isto já para não falar nos trabalhos da faculdade, estou a desleixar-me completamente. Sou eu que chego a casa e às 21h ainda tenho trabalho, que me deito às 23h e não adormeço, desmaio de exaustão, e 8 horas por noite, quando as são (nas noites que correm melhor e que consigo, de facto, deitar-me cedo) nunca chegam para descansar o suficiente, acordo sempre cansada à mesma. Talvez tudo isto sejam desculpas para me desculpar a mim mesma por ter gasto – provavelmente mais, mas arredondando – 200 euros em roupa/acessórios, mas faz sentido!

Esses 200 euros foram bem gastos, porque foram gastos em mim. Com o meu dinheiro, produto do meu trabalho. Não tenho nada que me sentir culpada se comprei 10 peças de roupa com 200 euros, foi dinheiro que rendeu bem. Não tenho que me sentir culpada se amanhã não vou acordar e pensar, ainda na cama, “o que vou vestir”, sei o que vou vestir, sei que é algo novo, bonito, e que cheira a roupa nova.

Hoje senti-me culpada, engoli em seco sempre que saí de cada loja depois de uma compra de 60 euros – e da zara, com exactamente 99,97 euros – mas, sinceramente, passou. Passou, porque eu mereço!!!!!!!

E esta noite vou dormir, apesar de pouquíssimo, bem, descansada, vaidosa e com a auto-estima ainda mais alta do que ela já costuma ser (a sério, gosto tanto de mim mesma que achava que todas as roupas das lojas me ficavam espectacularmente bem. e estava sozinha!).

Muaah @

2 de março de 2011



Mais importante do que aprendermos com as pessoas, e as "usarmos" como instrumentos de aprendizagem para a vida, é ter o discernimento para distinguir o que devemos aprender delas. 
Porque todo o mundo tem coisas boas e coisas más, e todos nos damos com "boas" e "más" influências, o importante não é apenas darmo-nos com as "boas", é darmo-nos com todas, mas sabermos retirar delas apenas aquilo que interessa e que nos faz crescer enquanto pessoas.